O UNAIDS alerta para uma oportunidade única de interromper novas infecções por HIV, acabar com a AIDS e se preparar para futuras pandemias

O UNAIDS insta os países a aproveitarem as novas oportunidades para aumentar o financiamento, expandir novas tecnologias comprovadas de prevenção do HIV e remover as barreiras aos serviços de HIV.

Agir hoje impulsionará o progresso para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030 e responder às pandemias atuais e futuras.

Nos bastidores da 76ª Assembleia Mundial da Saúde, Ministros da Saúde juntaram-se à lideranças e especialistas em saúde global em um evento de alto nível da Coalizão Global de Prevenção ao HIV, organizado pelo UNAIDS.

O evento foi convocado para abordar quatro objetivos:

  • Aumentar o compromisso político;
  • abordar políticas e leis que impulsionam desigualdades e pandemias;
  • garantir financiamento adicional;
  • assegurar a implementação eficaz de programas de HIV em larga escala.

“Temos ferramentas e tecnologias – nenhuma das quais está disponível em larga escala o suficiente. Fazer justiça a essa oportunidade única requer uma liderança ousada e investimento renovado na prevenção do HIV para oferecer opções de prevenção eficazes a todas as pessoas que precisam.”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS.

“Nunca houve oportunidade tão grande de prevenir o HIV”
Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS.

O relatório do UNAIDS “Em Perigo”, com sumário executivo em português, mostrou que, em 2021, houve 1,5 milhão de novas infecções por HIV em todo o mundo, mais de três vezes a meta estipulada para o fim de 2021, que foi de 500 mil.

A meta para 2025 é reduzir as novas infecções por HIV para menos de 370 mil. Porém, para atingir essa meta, os países precisarão alcançar uma redução de 82,5% em relação a 2010, conforme descrito no documento “2025 HIV Prevention Roadmap” (Roteiro de Prevenção ao HIV 2025, em tradução livre para o português), – um guia de 10 etapas para atingir as metas de 2025.

“Esta é a melhor chance que já tivemos, provavelmente em toda a história da pandemia de AIDS, de repensar a prevenção do HIV e de fazer isso com equidade e impacto”, disse Mitchell Warren, copresidente da Coalizão Global de Prevenção do HIV.

Dos 28 países prioritários identificados pela Coalizão Global de Prevenção ao HIV, uma nova análise dos dados do UNAIDS mostra que Costa do Marfim, Zimbábue, Malaui, Lesoto e Irã reduziram as novas infecções por HIV em mais de 61% em dez anos – o nível de progresso necessário. Outros 12 países registraram uma redução de mais de 40%.

No entanto, os dados também mostram que as novas infecções por HIV estão aumentando em 38 países, alguns com epidemias de HIV consideráveis. Essa tendência preocupante exige acelerar a prevenção e expandir a Coalizão para esses países.

De acordo com os relatórios de país da Coalizão Global de Prevenção ao HIV do UNAIDS de 2022, programas dedicados de prevenção ao HIV para meninas adolescentes e mulheres jovens existem apenas em 41% dos distritos com incidência moderada a alta de HIV na África Subsaariana.

Os relatórios também mostram que, nos países foco da Coalizão com dados disponíveis, 63% de profissionais do sexo, 49% dos gays e outros homens que fazem sexo com homens e 36% das pessoas que usam drogas injetáveis tiveram acesso a serviços de prevenção do HIV em 2021.

O estigma elevado na prestação de serviços de saúde convencionais, a criminalização das populações-chave, as práticas prejudiciais de aplicação da lei e as barreiras estruturais e de gênero continuam sendo os principais obstáculos ao acesso aos serviços de prevenção do HIV para as populações-chave.

“Programas de resposta ao HIV baseados em evidências e direitos, que envolvem significativamente as populações-chave, simplesmente não estão recebem investimentos suficientes e sendo ampliados.

“Se não conseguirmos fazer investimentos com base na lógica da saúde pública, mas sim com base em agendas morais, vamos falhar na saúde global. Precisamos que os países invistam totalmente na prevenção do HIV e nos sistemas comunitários.”, disse Judy Chang, da Rede Internacional de Pessoas que Usam Drogas.

“Quando se trata de pessoas que usam drogas, apenas 2% vivem em países com ampla cobertura de serviços básicos de redução de danos”.
Judy Chang, da Rede Internacional de Pessoas que Usam Drogas.

O acesso a preservativos, da Profilaxia Pré-exposição (PrEP) e circuncisão médica masculina voluntária ainda é muito desigual. Apenas Uganda e Zimbábue atenderam a mais de 80% da demanda de distribuição de preservativos.

Após 2015, os dados também sugerem uma diminuição do uso de preservativos em vários países, mostrando uma necessidade urgente de interromper e reverter as tendências de queda no uso de preservativos.

Embora a adesão à PrEP tenha aumentado rapidamente nos 28 países foco, o números absoluto ainda é muito baixo – 1,5 milhão de usuários até o final de 2021, em comparação com a meta global de mais de 10 milhões.

O número de homens submetidos à circuncisão médica masculina voluntária para prevenção do HIV (que, segundo estudos, previne o HIV em até 60% para os homens) foi consistentemente superior a quatro milhões por ano de 2017 a 2019, mas diminuiu em 40% em 2020 e, em 2021, permaneceu em 2,8 milhões. Apenas a Etiópia, a Tanzânia e a Zâmbia alcançaram as metas estabelecidas na Estratégia Global de AIDS 2021-2026, mostrando a necessidade de um foco renovado.

Essa análise de dados destaca tanto os sucessos encorajadores quanto as lacunas persistentes nos programas nacionais de prevenção do HIV.

A realidade do sucesso em vários países, juntamente com as novas tecnologias disponíveis, criam uma oportunidade única para ação conjunta visando interromper novas infecções por HIV, acabar com a AIDS e fortalecer a preparação e a resposta a pandemias.

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