Em São Paulo, 80,7% das pessoas que vivem com HIV entrevistadas para o Índice de Estigma relatam dificuldade para contar às pessoas sobre seu diagnóstico

Apresentado na tarde do dia 06 de novembro, a análise em profundidade do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids da cidade de São Paulo/SP trouxe dados alarmantes em relação à forma que essa população se sente e é tratada nos sistemas de saúde. Entre os dados divulgados pela pesquisa, se destacam o alto percentual de pessoas que vivem com HIV que confirmaram ter recebido diagnóstico de problemas de saúde mental (58,4%) e dificuldade em contar às pessoas sobre seu diagnóstico (80,7%).

A forma de discriminação mais experienciada pelos participantes da pesquisa em São Paulo foi saber de outras pessoas que não são membros da família fazendo comentários discriminatórios ou fofocando porque se é soropositiva(o) para o HIV (43,2%). Mesmo entre membros da família, essa forma de discriminação foi bastante relatada (41,6%), não ficando restrita a fofocas ou comentários discriminatórios, pois também foram relatados assédios verbais (27,4%), agressões físicas (7,7%) e até mesmo perda de fonte de renda ou emprego por ser soropositivo para o HIV (16,6%). 

O estigma em relação ao HIV e AIDS pode levar as pessoas que vivem com o vírus à redução do contato social. O Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids perguntou às pessoas entrevistadas se elas já tinham tomado alguma atitude de isolamento nos últimos 12 meses em virtude de serem soropositivas para o HIV.

Interações com o serviço de saúde

Os serviços de saúde são essenciais para que as pessoas que vivem com HIV e Aids tenham acesso a seus medicamentos e possam buscar supressão da carga viral e qualidade de vida. Para que esse serviço de saúde atenda a pessoa que vive com HIV ou vive com AIDS é necessário que o sistema esteja preparado para receber essa pessoa desde o momento de prevenção e diagnóstico até o momento de tratamento, acolhendo a população e principalmente fornecendo um serviço que seja Zero Discriminação. Os dados, porém, trazem números preocupantes em relação à preparação do sistema de saúde para apoiar as pessoas.

Outro dado que merece uma atenção especial é o percentual de pessoas entrevistadas que relataram o diagnóstico de outros problemas de saúde. 58,4% relataram problemas de saúde mental, além de infecções sexualmente transmissíveis (21,6%), Hepatite (6,2%) e Tuberculose (5,9%).

“Acreditamos que esses dados podem aclarar ainda mais o caminho de luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV contra todo o tipo de discriminação e estigma. Que as pessoas que vivem com HIV e AIDS tenham suas vozes ouvidas”, afirmou Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS.

“É mais um acesso de total protagonismo, onde conseguimos chegar até a ponta e ter informações que a população necessita. Esses dados vêm para fortalecer”, destacou Fernanda Falcão, da Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans Vivendo e convivendo com HIV.

Para Jô Meneses, coordenadora de Programas Institucionais da Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero, os seminários são importantes por levarem as informações sobre estigma e preconceito para as cidades onde a pesquisa foi realizada. “Os seminários possibilitam um diálogo sobre os dados do Índice de Estigma e podem dar visibilidade a essas informações com um recorte local. O mais importante é que estão sendo pensadas formas para enfrentar o estigma e o preconceito em cada contexto e em cada território onde a pesquisa foi realizada”.

O Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids no Brasil é promovida pelas Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+); Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP); Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e AIDS (RNAJVHA); Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans vivendo e convivendo com HIV/AIDS (RNTTHP). A pesquisa foi apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o HIV e a Aids (UNAIDS), pela Gestos — Soropositividade, Comunicação e Gênero, e pela PUC do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Foi realizada em sete capitais: Manaus-AM; São Paulo-SP; Recife-PE; Rio de Janeiro-RJ; Brasília-DF; Salvador-BA; e Porto Alegre-RS.

Os dados completos da análise em profundidade de São Paulo encontram-se neste link.

Confira outras informações sobre os seminários locais do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids.

Acesse o Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids.


Divulgação dos resultados regionais acontecerá até dezembro em seminários online

A divulgação dos dados regionais do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids está sendo feita através de seminários online para as sete capitais brasileiras onde a pesquisa foi realizada. O levantamento, feito pela primeira vez no Brasil, é um espelho do que acontece na vida das pessoas vivendo com HIV e Aids mesmo depois de 40 anos do início da epidemia e mostra como essa população ainda é discriminada e sofre com o preconceito e a desinformação.

Os seminários são direcionados para movimentos sociais e pessoas que atuam em defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e Aids; para profissionais de saúde; para parlamentares e profissionais que trabalham nos Poderes Legislativo e Judiciário. A série de eventos começou em Manaus, em 03 de novembro, em São Paulo, , no dia 06 de novembro, e segue até dezembro nas demais cinco capitais onde a pesquisa foi realizada: Recife-PE (01/12), Rio de Janeiro-RJ (04/12), Brasília (07/12), Salvador-BA (08/12); Porto Alegre-RS (11/12).
Os eventos acontecerão sempre das 14h às 17h (horário local), através da Plataforma Zoom. Para participar é preciso fazer a inscrição através do link. São 50 vagas por seminário.

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