O UNAIDS recebe com entusiasmo os resultados dos testes da Gilead Sciences sobre o medicamento injetável de longa duração Lenacapavir para a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV.
Esta inovação oferece esperança de acelerar os esforços para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030. Para isto, entretanto, será preciso que a Gilead garanta que todas as pessoas que precisam tenham acesso a este medicamento revolucionário.
O recente teste do medicamento entre mulheres cis na Uganda e na África do Sul foi tão bem-sucedido que foi concluído antes do prazo final. Injeções semestrais de Lenacapavir mostraram uma grande eficácia na prevenção de infecções por HIV em comparação com os medicamentos preventivos orais de uso padrão para a profilaxia pré-exposição (PrEP).
Ensaios adicionais estão em andamento na Argentina, Brasil, México, Peru, África do Sul e Tailândia. Os Estados Unidos estão examinando a eficácia do medicamento entre homens, mulheres trans e pessoas não-binárias que fazem sexo com homens.
Para o UNAIDS, este é um desenvolvimento significativo e, por isso, está demandando da empresa que permita a produção genérica de Lenacapavir para todos os países de baixa e média renda, negociando acordos de licenciamento voluntário por meio do Medicines Patent Pool (MPP). O MPP é um programa apoiado pela ONU com vasta experiência na negociação de acordos de medicamentos genéricos entre empresas farmacêuticas originadoras e fabricantes de genéricos.
Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS, reconhece que o sucesso do recente teste do Lenacapavir da Gilead é um desenvolvimento muito importante. “Embora ainda seja preciso aguardar os resultados completos de outros testes, essa notícia oferece esperança de garantir que todas as pessoas que possam se beneficiar, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade, tenham acesso ao medicamento. Garantir o acesso global equitativo a novas tecnologias pode ajudar o mundo a se colocar no caminho para acabar com a AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030”, diz Winnie.
Winnie ressalta, entretanto, sua preocupação de que um anúncio recente da Gilead, sobre sua estratégia de acesso para países de baixa e média renda, não mencione explicitamente também os países de renda média-alta, onde as pessoas não podem arcar com os custos atuais do tratamento com o Lenacapavir. Estes países representam 41% das novas infecções por HIV e 37% de todas as pessoas vivendo com HIV no mundo. O anúncio também não menciona um compromisso de trabalhar com o MPP.
“Sem essas garantias, não se pode assegurar que este medicamento revolucionário chegará a todas as pessoas que precisam dele”, alerta Winnie Byanyima.
O comunicado à imprensa, em inglês, está disponível no site do UNAIDS global.