No Dia Internacional da Mulher, o UNAIDS destaca a necessidade de garantir o acesso de mulheres e meninas aos serviços de HIV

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma oportunidade para destacar o papel das mulheres na resposta ao HIV e seu trabalho de liderança nas comunidades.

Um dos caminhos fundamentais para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030 passa por uma resposta ao HIV centrada nas pessoas e que seja acessada por todas as mulheres em sua diversidade.

Esta não é uma realidade em muitas partes do mundo. Na África Subsaariana, seis em cada sete novas infecções entre adolescentes com idade de 15 a 24 anos acontecem entre meninas. Meninas e mulheres jovens de 15 a 24 anos têm duas vezes mais probabilidade de viver com HIV do que os homens jovens.

*O relatório de 2021, com dados de 2020, contabiliza as novas infecções em meninas e mulheres entre 15 e 19 anos. Nos demais relatórios, as idades registradas são de 15 a 24 anos.

O acesso das mulheres ao tratamento antirretroviral e aos serviços de saúde ainda passa por barreiras sociais como as desigualdades de gênero, o patriarcado, a distribuição desigual de renda e a permanência na escola. Segundo o UNAIDS, quando há a conclusão ensino médio por meninas, o risco de contrair o HIV reduz até 50%. Ainda assim, cerca de 34 milhões de meninas em idade escolar secundária na África não tiveram acesso ao ensino médio em 2018.

A interseção de desigualdades tem impacto ainda maior sobre as mulheres negras. Dados do Ministério da Saúde indicam que em 2010, 45,4% das mulheres que morreram por doenças relacionadas à AIDS eram brancas, número reduzido para 36,4% em 2020. Já entre as mulheres negras, a realidade não é a mesma. Em 2010, 54,1% das mortes de mulheres relacionadas à AIDS foram entre mulheres pretas. Em 2020, esse número aumentou para quase 63%.

“A violência de gênero aumenta os riscos de infecção pelo HIV para as mulheres, além de restringir o acesso daquelas que vivem com HIV a serviços que salvam vidas”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil. ” As desigualdades de gênero, somadas ao estigma e à discriminação, custam vidas de meninas e mulheres em todo o mundo e impedem que as metas de acabar com a AIDS sejam atingidas”, completa.

Respondendo à desigualdade de gênero

O UNAIDS atua diretamente e com outras agências da ONU para apoiar lideranças femininas e iniciativas que fortaleçam o papel das mulheres, em toda sua diversidade, na resposta ao HIV.

Para o Dia Mundial Zero Discriminação, celebrado em 1o de março, a estendendo-se até o Dia da Mulher, o UNAIDS lançou uma campanha digital, junto com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), para destacar a prevenção combinada do HIV e linhas de cuidado para mulheres que fazem uso de drogas, abordando temas como acesso a direitos, prevenção do HIV e das ISTs e redução de danos por uso de drogas.

Em Porto Alegre e Viamão, no Rio Grande do Sul, o UNAIDS apoiou a ONG Casa Fonte Colombo, em seu projeto de suporte e acompanhamento de gestantes em situação de vulnerabilidade para orientar sobre os cuidados, vincular 80 mulheres aos serviços de saúde e evitar a transmissão vertical do HIV e sífilis.

Junto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o UNAIDS facilitou uma oficina para promoção dos direitos mulheres, diversidade e impacto local. Com a oficina, buscou-se ampliar o conhecimento e acesso de mulheres e suas diversidades à prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidado integral em HIV/AIDS, além do entendimento sobre violência baseada em gênero. Participaram da oficina grupos de mulheres do campo, mulheres trans, trabalhadoras da saúde e mulheres negras.

A desigualdade de gênero perpetua a pandemia de AIDS. 

As dinâmicas de poder desiguais entre mulheres e homens e as normas de gênero nocivas aumentam a vulnerabilidade ao HIV de mulheres e meninas em toda a sua diversidade. 

Não podemos seguir mantendo o patriarcado e, ao mesmo tempo, acabar com a AIDS.

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