Lideranças globais se comprometem a acelerar esforços para acabar com a AIDS até 2030

A 55ª reunião da Junta de Coordenação do Programa (PCB) do UNAIDS, realizada pela primeira vez em 18 anos em um país do continente africano, no Quênia, foi finalizada com a reafirmação do compromisso de pôr fim à pandemia de AIDS até 2030.

O encontro do PCB ocorreu em um momento importante para a resposta à AIDS, quando novos avanços científicos trazem a esperança de encerrar a pandemia.

Além disso, o UNAIDS deu início ao desenvolvimento da próxima Estratégia Global para AIDS e à construção de apoio político aos novos objetivos globais para o HIV em 2030.

Em seu discurso de abertura, Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS, declarou: “Queremos que as pessoas vivendo com HIV tenham acesso ao melhor que a ciência oferece para prevenção e tratamento do HIV, onde quer que estejam. Façamos isso como uma questão de sustentabilidade para acabar com a doença, como uma questão de justiça social, de direitos humanos e de saúde pública.”

Na sessão sobre liderança na resposta à AIDS, representantes da sociedade civil e ativistas das comunidades destacaram que os novos medicamentos precisam ser compartilhados equitativamente para alcançar as pessoas que mais necessitam e acelerar o progresso rumo ao fim da AIDS.

Financiamento Global

Durante a reunião, diversos países expressaram solidariedade com o UNAIDS, e alguns aproveitaram a oportunidade para anunciar compromissos de financiamento.

A França anunciou um novo compromisso de €1,8 milhão (US$ 1,89 milhão), por meio da Expertise France, sua agência de cooperação internacional, para o financiamento sustentável e equitativo da resposta à AIDS no sudeste da Ásia.

Já os Países Baixos anunciaram uma contribuição de €23 milhões (US$ 24.1 milhões) em financiamento principal ao UNAIDS para 2025.

A Dinamarca também declarou um acordo financeiro plurianual para 2024–2029, com uma contribuição anual prevista de DKK 40 milhões, cerca de US$ 5 milhões.

Planos para a próxima reunião

O Conselho enfatizou a necessidade de acelerar o progresso em direção às metas de 2025. Também concordou em intensificar o trabalho do Programa Conjunto sobre sustentabilidade e recebeu uma atualização sobre o trabalho em andamento do Painel de Alto Nível sobre um Programa Conjunto resiliente e adequado para a resposta ao HIV, confirmando sua expectativa de avaliar recomendações ousadas e transformadoras na próxima reunião do PCB sobre a reforma do modelo operacional do Programa Conjunto.

No último dia da reunião, foi realizado um segmento temático sobre a superação das desigualdades entre crianças e adolescentes para acabar com a AIDS até 2030.

Lacunas persistentes

Membros do Conselho discutiram como superar lacunas persistentes na resposta à AIDS entre crianças e adolescentes, explorando estratégias, inovações e sucessos para acelerar a prevenção, o tratamento, a proteção, o cuidado e o suporte para gestantes, crianças e adolescentes.

Sitsope Adjovi, jovem ativista do HIV da Rede de Crianças, Adolescentes e Jovens Positivos Inovando pela Renovação (REAJIR+), em tradução livre para o português, do Togo, afirmou: “Jovens são capazes de fazer o necessário e estão prontos para se engajar. Não é mais a AIDS que está matando crianças, adolescentes e jovens. São políticas, intervenções e programas inadequados que ameaçam nossas vidas.”

Em 2023, ocorreram 120 mil novas infecções por HIV em crianças de 0 a 14 anos. 1,4 milhão de crianças estavam vivendo com HIV, 86% delas na África Subsaariana.

Apenas 57% das crianças vivendo com HIV estavam em tratamento, em comparação com 77% das pessoas adultas, e a cada 8 minutos uma criança morreu devido a uma doença relacionada à AIDS.

“Quando sabemos o que funciona, quando sabemos que é possível interromper a transmissão do HIV para crianças, cada nova infecção é um fracasso coletivo de políticas. Um fracasso que devemos abordar em todos os níveis da resposta ao HIV, unindo políticas e implementação,” afirmou Winnie Byanyima.

Estrutura do PCB

O PCB do UNAIDS reúne sociedade civil, copatrocinadoras e estados-membros das Nações Unidas para cocriar o futuro da resposta ao HIV, incluindo o desenvolvimento da próxima Estratégia Global para AIDS, a visão para 2030 e além.

A 55ª reunião do PCB foi presidida pelo Quênia, com o Brasil na vice-presidência e os Países Baixos como Relator.

A 56ª reunião, que será realizada em junho de 2025, será presidida pelo Brasil, com os Países Baixos como Vice-Presidente e o Quênia como Relator.

Leia o Relatório à Junta de Coordenação do Programa por Winnie Byanyima, em inglês.