Dia Mundial da Luta contra AIDS 2024: Mensagem de Andrea Boccardi Vidarte, representante do UNAIDS Brasil

Globalmente, o mundo fez um enorme progresso na redução do impacto do HIV nos últimos 15 anos.

Em 2023, um total de 30,7 milhões de pessoas estavam em tratamento, ou seja, 77% das pessoas que vivem com HIV no mundo – em comparação com apenas 7,7 milhões em 2010. Esse avanço no tratamento resultou em uma redução significativa nas mortes relacionadas à AIDS, com queda de 51% no mesmo período.

Porém, o progresso global avança de forma muito lenta: em pelo menos 28 países, as novas infecções por HIV estão aumentando e particularmente na América Latina aumentou 9%.

Sabemos que o HIV não é uma questão biomédica.

O Brasil lidera a resposta global há mais de 40 anos. Foi o primeiro país a oferecer tratamento de forma gratuita e disponibiliza uma variedade de ferramentas de prevenção, diagnóstico e tratamento e informação para que cada pessoa possa tomar decisões sobre seus corpos de acordo com as suas vidas.

O Sistema Único de Saúde (SUS) mostra ao mundo qual é o caminho certo para promover a resposta ao HIV: pelo caminho dos direitos humanos, respeitando todas as pessoas. Em 2024, foram mais de 311 milhões de preservativos e mais de 9 milhões de autoteste para HIV distribuídos gratuitamente.

Neste ano, o Brasil alcançou o número de 100 mil pessoas usuárias de PrEP, a Profilaxia Pré-exposição, um medicamento capaz de prevenir o HIV. Esse número representa um marco no que diz respeito à diversidade de estratégias fornecidas pelo SUS. Essa também é uma oportunidade para que pensemos e planejemos a prevenção do HIV a partir da perspectiva da escolha.

Hoje, mais do que nunca, o HIV é uma questão de desigualdades.

As lacunas no reconhecimento dos direitos humanos para todas as pessoas estão impedindo que estejamos no caminho para a eliminação da AIDS e estão prejudicando a saúde pública.

É urgente que eliminemos as barreiras de acesso à saúde. A criminalização, discriminação e marginalização de grupos de pessoas estão prejudicando que os direitos dessas populações sejam respeitados.

É por causa do impacto da discriminação que o risco de contrair o HIV é 23 vezes maior para homens gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), nove vezes maior para profissionais do sexo e 20 vezes maior para mulheres trans do que para a população em geral, em todo o mundo.

Porém, há esperança.

As pessoas que vivem com HIV, profissionais do sexo, as pessoas LGBTQIA+, pessoas que usam drogas, pessoas quilombola, pessoas com deficiência e pessoas indígenas precisam ter seus direitos e demandas reconhecidas para que possam acessar os serviços sem discriminação.

Realizando um trabalho conjunto com governos e sociedade civil conseguiremos garantir que todas as populações mais expostas à desigualdade sejam priorizadas na resposta ao HIV.

Para proteger a saúde de todas as pessoas, precisamos proteger os direitos de cada pessoa.

Verified by MonsterInsights