O tema da resposta global à AIDS e suas implicações para dar respostas às pandemias ganhou destaque nas discussões da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aconteceu entre 19 e 25 de setembro, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
Durante esse evento de alto nível, que incluiu três reuniões focadas em saúde, a Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e discursos proferidos na Assembleia Geral, as lições aprendidas ao longo de 40 anos de combate ao HIV foram frequentemente mencionadas. O princípio de “não deixar ninguém para trás” foi destacado como fundamental para construir um futuro de saúde e igualdade para todos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referiu-se ao sucesso da resposta à AIDS como um exemplo notável do que pode ser alcançado por meio da solidariedade global e da responsabilidade compartilhada. Ele destacou o trabalho do PEPFAR em mais de 55 países, que salvou mais de 25 milhões de vidas e demonstrou o poder da ação conjunta diante de desafios complexos. Biden enfatizou a urgência de acelerar o progresso para que ninguém seja deixado para trás.
Na abertura da Cúpula dos ODS, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Eric Varadkar, reconheceu que ainda há um longo caminho a percorrer para atingir as metas de 2030. Ele observou que apenas 15% dos ODS estão sendo efetivamente implementados, mas também destacou alguns progressos significativos, como o aumento do acesso à eletricidade e a redução das mortes relacionadas ao HIV.
O UNAIDS, celebrando o sucesso conjunto no combate à AIDS, instou as lideranças a manterem o HIV como uma prioridade política. A organização destacou que ainda há desafios significativos, com milhões de pessoas aguardando tratamento, novas infecções por HIV a cada ano e perdas contínuas de vidas para a AIDS. O UNAIDS argumentou que a resposta à AIDS não apenas salva vidas, mas também tem impactos sociais, econômicos e na saúde.
Diversas lideranças políticas reconheceram os desafios econômicos resultantes de múltiplas crises simultâneas e a necessidade de cooperação e solidariedade para superá-los. As lideranças observaram que, apesar da vontade política, os recursos domésticos são insuficientes para investir em saúde, educação e proteção social.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enfatizou a urgência de reformular a arquitetura financeira internacional para alcançar os ODS. O UNAIDS também salientou a importância de manter o financiamento para o PEPFAR e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária.
Além disso, o UNAIDS argumentou que a resposta à AIDS pode fornecer valiosas lições para a prevenção, preparação e resposta a pandemias futuras. Chamou, também, para a importância das respostas comunitárias e do envolvimento da sociedade civil na tomada de decisões e na implementação de medidas.
A igualdade de acesso a produtos médicos essenciais e a abordagem das desigualdades foram enfatizadas pelo UNAIDS, que defendeu métricas, metas e responsabilidade para direitos humanos e saúde pública, alertando sobre as consequências das violações dos direitos humanos na confiança nas instituições de saúde.
Por fim, o UNAIDS instou a uma abordagem multissetorial e colaborativa para enfrentar pandemias, reconhecendo que esses desafios envolvem dimensões políticas, sociais e econômicas que requerem ação conjunta de todos os setores da sociedade.
A diretora executiva do UNODC, Ghada Waly, em nome das organizações copatrocinadoras do UNAIDS, sublinhou a importância da parceria multissetorial no combate ao HIV/AIDS, reunindo a expertise e os recursos de 11 financiadores em uma colaboração exemplar para abordar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O texto original, em inglês, está disponível aqui.