Em setembro, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) promoveram a Oficina “Mulheres, diversidade, e impacto local” em Brasília (DF).
A oficina teve o objetivo a ampliação do conhecimento e acesso de mulheres e suas diversidades à prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidado integral em HIV/AIDS, além do entendimento sobre violência baseada em gênero.
“É importante ouvir essas mulheres e entender suas necessidades para que façamos uma construção conjunta para fortalecer o trabalho decente. As mulheres são a cara da sociedade e somos a maior parte da população. Por isso, fortalecê-las é fundamental para promover a dignidade e para conseguirmos ter um impacto na sociedade”, explica Paula Fonseca, oficial de Projetos da OIT.
De acordo com o UNAIDS, mulheres e meninas representam aproximadamente 53% das pessoas vivendo com HIV no mundo.
No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS 2022, 45,6% das novas infecções pelo HIV se concentrou em mulheres entre 15 e 24 anos. O HIV em mulheres ainda é permeado por diversas interseccionalidades, como racismo, questões de orientação sexual e identidade de gênero.
“Reunir essas mulheres para discutir políticas públicas e violência baseada em gênero é uma forma de contribuir em suas formações como multiplicadoras para realizar mudanças em seus territórios”, diz Ariadne Ribeiro, oficial para Comunidades, Gênero e Direitos Humanos do UNAIDS.
O evento também teve como propósito fortalecer os movimentos de mulheres e meninas que vivem com HIV/AIDS, de populações-chave e prioritárias, como a população negra. Segundo dados do Sinan, entre 2007 e junho de 2022, a concentração de casos de HIV em mulheres foi de 35,2% e 55,9% entre brancas e negras, respectivamente.
Além disso, 57,3% dos óbitos em decorrência de doenças relacionadas à AIDS aconteceram justamente entre as mulheres negras (15.2% mulheres pretas e 42.1% mulheres pardas).
“Temos mulheres negras em maioria morrendo por morte materna, em decorrência da AIDS, e, também, pelo abandono social. O Boletim Epidemiológico mostra que a maioria de mortes relacionadas à AIDS estão entre mulheres negras. Precisamos pensar porque essas mulheres não conseguem o tratamento que lhes garante a vida”, destaca Damiana Neto, coordenadora geral da Ação de Mulheres pela Equidade (AME).
A oficina piloto foi planejada como parte da execução dos fundos de Luxemburgo, para execução de projetos piloto sobre violência baseada em gênero.