O tratamento do HIV tem desempenhado um papel importante na prevenção ao vírus. Evidências divulgadas recentemente mostram que as novas infecções por HIV nos Estados Unidos caíram 18% entre 2008 e 2014. Contudo, nem todos os grupos se beneficiaram igualmente.As estimativas foram divulgadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, da sigla em inglês) durante a Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections – CROI), realizada em Seattle (EUA), de 13 a 16 de fevereiro.
Os dados mostram que, embora o número de novas infecções pelo HIV entre as pessoas que usam drogas injetáveis tenha caído 56% entre 2008 e 2014, no mesmo período, não houve declínio entre homens que fazem sexo com homens (HSH).
Nesse último grupo, houve queda em novas infecções por HIV entre os jovens e brancos, mas houve aumento entre outros segmentos – principalmente entre homens de 25 a 34 anos, onde a alta foi de 35%. Esses aumentos específicos entre os grupos mais vulneráveis – incluindo homens gays latinos e negros – contribuíram para que os números gerais de novas infecções entre HSH mostrassem estabilidade no período analisado.
A queda nas novas infecções por HIV também variou de acordo com localidade, com estados e distritos mostrando quedas de até 10% ao ano, por exemplo, em Washington DC (capital dos EUA), enquanto outros experimentaram declínios menores – como o Texas, com uma queda anual de 2% – ou permaneceram estáveis. Contudo, nenhum estado mostrou aumento de novas infecções por HIV.
O CDC atribuiu o declínio de 18% entre 2008 e 2014, em grande parte, ao aumento do número de pessoas vivendo com HIV cientes de seu estado sorológico, com acesso ao tratamento e vivendo com carga viral suprimida, bem como o sucesso de programas anteriores para pessoas usam drogas injetáveis e o uso crescente da profilaxia pré-exposição (PrEP).
Isso mostra a importância da abordagem de Aceleração da Resposta e suas metas de tratamento 90-90-90 para 2020, cujo objetivo é acabar com a epidemia de AIDS até 2030, ao estabelecer que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV sejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% das pessoas neste grupo tenham carga viral indetectável.
Embora as estatísticas divulgadas pelo CDC sejam muito encorajadoras, programas específicos adicionais são necessários para alcançar uma redução de 75% até 2020, conforme estabelecido na Declaração Política de 2016 sobre o Fim da AIDS.
A variação no declínio de novas infecções do HIV entre diferentes grupos de pessoas e em diferentes estados mostra a importância de uma abordagem sensível a essas questões, na qual os programas se concentrem nas pessoas e localidades que contribuirão para um maior impacto. A abordagem de Prevenção de Alto Impacto do CDC planeja expandir os programas de prevenção por meio dessa resposta voltada à localidade e à população.
(Foto capa: Exposição da AIDS Memorial Quilt em Washington, nos EUA, em 2012. A AIDS Memorial Quilt é uma colcha de retalhos que vai sendo costurada, retalho a retalho, pelas pessoas que querem homenagear parentes e amigos que tenham morrido de complicações relacionadas à AIDS.)