Várias atualizações importantes foram anunciadas durante a Conferência Anual sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI, da sigla em inglês). Elas demonstraram a importância das metas 90-90-90 e os caminhos para se atingir esses objetivos, em que, até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% das pessoas neste grupo tenham carga viral indetectável.
Realizada em Seattle, nos EUA, entre 13 a 16 de fevereiro, a CROI, a mais importante conferência anual de investigação científica sobre o HIV, reuniu cerca de 4000 cientistas, investigadores, clínicos, estudantes e outros profissionais que trabalham na resposta ao HIV e a doenças relacionadas.
Uma maneira de ajudar a atingir o primeiro “90” da meta de tratamento – 90% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas até 2020 – é ampliar o autoteste. O projeto STAR, um programa de quatro anos cujo objetivo é desenvolver o autoteste para o HIV, já distribuiu cerca de 200.000 kits de autoteste em Malawi, Zâmbia e Zimbábue e está mostrando resultados promissores.
O projeto concluiu que o autoteste é uma boa maneira de alcançar pessoas que anteriormente não foram atingidas. Existem pesquisas em andamento sobre as possíveis formas de distribuição dos kits – distribuição de base comunitária, apoio farmacêutico, entre outros. Cerca de 19 milhões de pessoas vivendo com o HIV não sabem que vivem com o vírus. Nesse caso, o autoteste para HIV pode ser um passo vital para garantir que todos que necessitam de tratamento contra o vírus tenham acesso ao diagnóstico e, consequentemente, ao tratamento.
O anúncio de que várias novas drogas promissoras estão a caminho pode ajudar os países no alcance do segundo “90” da estratégia – 90% das pessoas diagnosticadas em tratamento. A gama de novos e eficazes medicamentos de dose única, incluindo novas classes de remédios, novos exemplos de classes existentes e preparações de longa duração produzidas por diferentes fabricantes, ajudará a aumentar a concorrência e, consequentemente, o acesso. Ter novos medicamentos também será uma boa notícia no caso do desenvolvimento de resistência aos medicamentos atuais no futuro.
A importância do terceiro “90” – 90% das pessoas em tratamento vivendo com carga viral indetectável – e uma abordagem de prevenção combinada para o HIV foi apresentada por meio de um estudo feito em Rakai, em Uganda. Estudos com mais de 33.000 pessoas entre 1999 a 2016 mostraram que um aumento na terapia antirretroviral e, portanto, a supressão viral, a ampliação da circuncisão masculina cirúrgica e a demora na iniciação sexual contribuíram para uma redução de 42% na incidência do HIV.
Uma estratégia igualmente importante para a supressão viral é a de manter as pessoas em tratamento. Os estudos SWORD-1 e SWORD-2 mostram que um regime de dois fármacos é tão bom quanto a abordagem atual de três medicamentos. Ao reduzir a quantidade de drogas que as pessoas que vivem com o HIV precisam de tomar, os efeitos colaterais são reduzidos e a adesão melhora. Uma vez que a terapia antirretroviral é levada para a vida, a simplificação no tratamento pode beneficiar milhões de pessoas.