A epidemia de AIDS já pode ser considerada praticamente uma quarentona, mas muita gente ainda desconhece alguns de seus termos básicos, como por exemplo a diferença entre HIV e AIDS. Para começar, é importante ter em mente que, hoje em dia, com a evolução do tratamento, nem todo mundo que vive com HIV chega a desenvolver a AIDS. Quer saber por quê?
HIV é uma sigla para vírus da imunodeficiência humana. É o vírus que pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que uma vez que você contrai o HIV, você viverá com o vírus para sempre. As pessoas que vivem com HIV ou com AIDS devem poder usufruir todos os seus direitos, incluindo o direito à educação, trabalho, acesso à saúde e direitos sexuais e reprodutivos.
A infecção com o HIV não tem cura, mas tem tratamento e pode evitar que a pessoa chegue ao estágio mais avançado de presença do vírus no organismo, desenvolvendo, assim, a síndrome conhecida como AIDS.
O tratamento para o HIV é denominado comumente de terapia antirretroviral – conhecido também pela sigla TARV – e é fundamental para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, além de diminuir drasticamente as chances de transmissão a outras pessoas. Nos casos em que não há acesso ou boa adesão ao tratamento, o HIV pode tornar o sistema imunológico insuficiente para que o próprio corpo se defenda e responda a doenças oportunistas – que podem eventualmente levar a pessoa a óbito. É quando dizemos que tal pessoa faleceu por causas relacionadas à AIDS – importante: ninguém morre “de AIDS”, mas por doenças oportunistas causadas pela falha no sistema imunológico.
O diagnóstico de AIDS considera a baixa quantidade de células de defesa (CD4) presentes no sangue e/ou manifestações clínicas que podem incluir uma ou mais doenças oportunistas, como a tuberculose disseminada, pneumonia, infecções recorrentes ocasionadas por fungos (na pele, boca e garganta), neurotoxoplasmose, e diarreia crônica há mais de 30 dias, entre outras.
Transmissão do HIV
A transmissão do HIV se dá por meio da troca de fluidos corporais como, por exemplo, sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno. Ela não acontece por meio de interações comuns do dia-a-dia como abraçar, beijar, dividir objetos ou até mesmo alimentos. Essa informação é importante a fim de conscientizar a população para que consigamos acabar com estigmas associados às pessoas que vivem com HIV e com a discriminação.
Nos últimos anos, novas estratégias de prevenção surgiram como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV. Elas ampliam a gama de opções que os indivíduos têm para se prevenir contra o vírus e oferecem mais alternativas – cientificamente eficazes – em relação aos preservativos masculinos e femininos. Entre as novas estratégias para a prevenção da transmissão do HIV destacam-se o uso do Tratamento como prevenção (TasP, em inglês, ou TcP, em português), a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP). Todas essas novas estratégias devem ser vistas e consideradas como opções no leque de estratégias que hoje denominamos prevenção combinada do HIV.
A testagem para o HIV é obrigatória?
Com relação à testagem para o HIV, é importante ressaltar que ela deve ser voluntária. Os espaços que oferecem serviços de testagem devem ser locais acolhedores que possam garantir a confidencialidade e aconselhamento para todas as pessoas que necessitarem deste tipo de serviço. Estar ciente da sua condição sorológica é também uma forma de prevenção. No Brasil, o diagnóstico é gratuito e qualquer pessoa que vive com HIV também tem o direito ao tratamento antirretroviral por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dentro do marco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou, na Reunião de Alto Nível sobre o Fim da AIDS de junho de 2016, uma Declaração Política com um conjunto de metas e ações que devem ser alcançadas até 2020, como parte de um esforço global para Aceleração da Resposta a fim de acabar com a epidemia de AIDS até 2030.
Em linha com essa Declaração Política e com a Agenda 2030 adotada em setembro de 2015 pelos Países-membros da ONU, o UNAIDS definiu algumas metas para incentivar os países – e também governos regionais, estaduais e municipais – a promover essa Aceleração da Resposta.
Entre essas metas está a chamada 90-90-90, que prevê que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que dessas pessoas diagnosticadas, 90% estejam em tratamento; e que desse grupo, 90% tenha carga viral indetectável. Diversos estudos científicos comprovam que uma pessoa vivendo com HIV em tratamento e com carga viral indetectável, além de experimentar uma melhor qualidade de vida, tem praticamente zero probabilidade de transmitir o vírus a outra pessoa – mostrando a eficácia do tratamento como uma ferramenta de prevenção.