No Dia Internacional das Mulheres, gostaria de dar os parabéns a todas cuja determinação e solidariedade são a luz da esperança e o poder de mudança.
As mulheres não estão esperando para receber um assento à mesa, elas estão conquistando sua própria cadeira.
Para o ano de 2022, o tema para o Dia Internacional da Mulher pede “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável“. Como os movimentos de mulheres trouxeram à tona, e como todas as evidências demonstram, cada objetivo de desenvolvimento depende da garantia dos direitos de todas as mulheres e meninas.
A desigualdade de gênero é uma ameaça para todas as pessoas. Não podemos manter um sistema social patriarcal e, ao mesmo tempo, derrotar a AIDS.
A crise da pandemia de COVID-19 exacerbou as desigualdades intersetoriais que as mulheres enfrentam. Foram relatados surtos de violência baseada no gênero, casamentos forçados de crianças e aumento nos casos de gravidez na adolescência.
Quase 50% das mulheres relataram que sofrem ou conhecem uma mulher que sofreu violência desde que a pandemia começou. A procura pelos serviços de ajuda às mulheres aumentou quase cinco vezes em alguns países durante a pandemia. A violência e o assédio a lésbicas, gays, bissexuais, mulheres trans e pessoas intersexuais aumentaram, assim como o estigma e a discriminação contra as comunidades marginalizadas. A trajetória da paridade de gênero, que demoraria 100 anos para ser alcançada, agora está 36 anos mais distante.
Entretanto, o objetivo não pode ser apenas voltar ao normal, porque o “normal’ já era um problema. Ao invés disso, as lideranças precisam aproveitar este momento de crise e oportunidade para garantir a transformação. Precisam cumprir agora as ousadas mudanças de política e investimentos de maior escala que garantirão a igualdade.
Devemos acabar com a violência baseada no gênero, pois ela viola a dignidade e a liberdade das mulheres e impulsiona a pandemia de AIDS. Em áreas de alta incidência de HIV, mulheres submetidas à violência do parceiro íntimo enfrentam uma chance 50% maior de adquirir o HIV.
Devemos remover todas as barreiras ao acesso à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos. Apenas 55% das mulheres e adolescentes relatam estar no controle das decisões sobre sua própria saúde e direitos sexuais e reprodutivos. A mortalidade materna é a principal causa de morte para meninas adolescentes entre 15 e 19 anos de idade em todo o mundo, e o HIV é a terceira principal causa de morte entre as mulheres da mesma faixa etária. Ambos são evitáveis quando as mulheres controlam seus próprios corpos.
Devemos assegurar que todas as meninas sejam educadas e capacitadas. Pesquisas mostram que a conclusão do ensino secundário pode reduzir o risco de uma menina adquirir o HIV em 50%, e ainda mais se isto for complementado por um pacote de direitos e serviços. Precisamos de todas as meninas na escola, seguras e fortes, incluindo aquelas que desistiram durante a pandemia da COVID-19 e aquelas que estavam fora da escola mesmo antes da COVID-19.
Na medida em que os países lutam contra os atuais desafios fiscais, os serviços vitais para a igualdade de gênero estão entre os setores sofrendo os maiores cortes orçamentários. Se não encontrarmos recursos, todas as pessoas enfrentarão fortes consequências.
A única forma eficaz para acabar com a AIDS, alcançar as Metas de Desenvolvimento Sustentável e garantir saúde, direitos e prosperidade compartilhada, passa por um roteiro feminista. A igualdade é o meio de progresso e direito de toda mulher.
Mulheres, em toda sua maravilhosa diversidade, nós, as Nações Unidas, estamos com vocês e para vocês.