No novo relatório do UNAIDS Holding the Line: communities as first responders to COVID-19 and emerging health threats (em inglês), organizações lideradas por e para pessoas que vivem com HIV e populações-chave detalham seus esforços para responder às pandemias da COVID-19 e HIV Com base em dados de pesquisa qualitativa que abrangem 225 organizações lideradas pela comunidade em 72 países, o relatório apresenta o trabalho das organizações durante o início de 2020 para sustentar a resposta ao HIV, apoiando suas comunidades durante a pandemia de COVID-19. O relatório também destaca as ações de alta prioridade que ainda são urgentemente necessárias e que garantirão a continuidade dos serviços relacionados ao HIV, bem como a sustentabilidade das organizações.
Nas palavras das pessoas da comunidade, o relatório mostra o desenvolvimento e mobilização das organizações em locais e momentos que os governos não poderiam. Suas histórias mostram que organizações lideradas por e para pessoas vivendo com HIV e populações-chave, incluindo mulheres e jovens, têm alavancado o conhecimento sobre o HIV em uma experiência pandêmica mais ampla. Diante das interrupções nos serviços, da escassez de insumos sanitários, dos toques de recolher e das severas lacunas de financiamento, as organizações adaptaram-se rapidamente para continuar fornecendo serviços relacionados ao HIV.
As organizações relataram maior envolvimento na distribuição de medicamentos antirretrovirais e kits de autoteste, negociando com profissionais do governo para garantir que os medicamentos fossem acessíveis e entregando-os às pessoas beneficiárias. Muitas organizações também relataram a mudança de seus serviços on-line, bem como a inclusão de contato telefônico e e-mail para aconselhamento pessoal e monitoramento do estado de saúde, com realização de visitas domiciliares em circunstâncias urgentes. O apoio material, incluindo cestas básicas e apoio financeiro, foram mobilizados e distribuídos às pessoas mais necessitadas.
As organizações também realizaram a prestação de serviços relacionada à COVID-19. Para uma melhor conscientização, iniciou-se a divulgação para a comunidade e público em geral sobre a COVID-19 e o compartilhamento informações sobre como as pessoas poderiam se proteger. Foi detectado o aumento dos níveis de violência de gênero, prestando assistência e apoio às pessoas sobreviventes. Também foram distribuídos máscaras, sabonetes e desinfetantes para as mãos, assim como a construção e instalação de locais para lavagem de mãos. Quando o custo e a disponibilidade de máscaras e sabão se tornaram um problema, muitas organizações relataram encontrar maneiras inovadoras de produzir esses itens.
No entanto, a maioria dessas organizações estava angustiada com a ausência—especialmente de processos de planejamento e tomada de decisão—o que resultou no fracasso das respostas nacionais de COVID-19 para atender às necessidades de suas comunidades. Foi expressa repetidamente uma grande preocupação com o impacto econômico dos lockdowns e restrições de viagem às pessoas beneficiárias. Também destacaram dificuldades contínuas na obtenção de equipamentos de proteção individual e aprovação de viagens, transporte público ou veículos particulares para as equipes de profissionais.
As organizações relataram suportar cargas extremamente pesadas com pouco apoio externo. Intensas lacunas de financiamento deixaram profissionais dessas organizações em exaustão e trabalhando noites e fins de semana para arrecadar fundos, geralmente sem sucesso, com algumas pessoas até mesmo recorrendo a seus próprios salários pessoais e economias para ajudar suas comunidades.
As organizações estão no centro de uma resposta de saúde pública centrada nas pessoas, baseada em direitos humanos. O UNAIDS pediu repetidamente apoio e financiamento para a infraestrutura, enfatizando que as comunidades precisam urgentemente do espaço e dos recursos para liderar.
“As organizações lideradas pela comunidade nos guiaram através de duas pandemias, primeiro a pandemia de AIDS e agora COVID-19”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS. “Seu papel central e crítico na prestação de serviços no coração das comunidades, atingindo as pessoas mais vulneráveis, deve ser reconhecido e valorizado. Coletivamente, devemos fazer mais para apoiá-las financeiramente, engajá-las significativamente nos processos de tomada de decisão e garantir que elas tenham todos os recursos necessários para continuar seu trabalho na resposta ao HIV e COVID-19 e para futuras pandemias.”
Onde os sistemas públicos de saúde têm engajado redes e organizações lideradas pela comunidade e capacitado as pessoas mais afetadas pelas pandemias, têm sido mais bem sucedidos no combate à desinformação, garantindo a continuidade dos serviços de saúde e protegendo os direitos e os meios de subsistência das pessoas mais vulneráveis. Isso é o que significa colocar as pessoas no centro das respostas pandêmicas.
Para garantir a sustentabilidade de uma resposta ao HIV liderada pela comunidade, o relatório pede que cinco medidas sejam adotadas com urgência: