Na clínica GHESKIO (Grupo Haitiano para o Estudo do Sarcoma de Kaposi e das Infecções Oportunistas) em Porto Príncipe, capital do Haiti, uma jovem mulher recebe o resultado positivo do teste para HIV. Imediatamente, junto com o aconselhamento é oferecida a ela a inscrição imediata em um programa de tratamento.
O início do tratamento no mesmo dia em que a pessoa recebe seu resultado está entre as abordagens que o Haiti tem usado para inverter os números da epidemia de HIV no país. A prevalência do vírus entre adultos é agora de 1,9%, contra um pico de 3,2% em meados da década de 1990. De acordo com estatísticas governamentais, das 154 mil pessoas que vivem com o HIV, 89% conhecem sua condição, 93% das pessoas diagnosticadas estão em terapia antirretroviral e 87% das pessoas que estão em terapia antirretroviral têm a sua carga viral indetectável. Na última década, as mortes devido a doenças relacionadas à AIDS caíram 63% no país caribenho.
Estas conquistas são o resultado da colaboração entre o Governo do Haiti, a sociedade civil e parcerias internacionais no campo do desenvolvimento. A isso se somaram consideráveis investimentos por parte de doadores. A grande maioria dos gastos totais com o HIV no Haiti vem de fontes internacionais.
O Escritório Nacional do UNAIDS para o Haiti está atualmente apoiando o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da AIDS (PEPFAR, sigla em inglês) e o Ministério da Saúde Pública e População para conduzir o exercício do Índice de Sustentabilidade e Painel de Controle (SID) no Haiti. Esta é uma ferramenta atualizada a cada dois anos para aprimorar a compreensão dos cenários de sustentabilidade dos países e informar as decisões de investimento em HIV. Por meio deste exercício, as partes interessadas avaliam as respostas nacionais ao HIV do ponto de vista da sustentabilidade e considerando quatro áreas temáticas. Este é o quarto SID do Haiti.
“Os ganhos impressionantes que o Haiti tem obtido na última década podem ser comprometidos no futuro pela dependência excessiva de financiamento externo. O UNAIDS está feliz em apoiar o Ministério da Saúde Pública e População, junto com o PEPFAR e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, a construir uma resposta mais sustentável por meio deste exercício “, diz o diretor nacional do UNAIDS para o Haiti, Christian Mouala.
“Os ganhos impressionantes que o Haiti obteve na última década podem ser comprometidos no futuro por uma dependência excessiva de financiamento externo. O UNAIDS está feliz em apoiar o Ministério da Saúde Pública e População, junto com o PEPFAR e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, a construir uma resposta mais sustentável por meio deste exercício”
Christian Mouala, diretor nacional do UNAIDS para o Haiti
O UNAIDS continuará a trabalhar em conjunto com a liderança nacional, o PEPFAR, o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, a sociedade civil e outras parcerias-chave da resposta ao HIV para garantir que as intervenções nacionais sejam equitativas. O foco está em alcançar as comunidades mais vulneráveis por meio de uma programação e implementação coordenadas e da inclusão consistente de pessoas vivendo com HIV e populações-chave, inclusive em contextos humanitários.
O diretor executivo da Unidade de Controle de Doenças Infecciosas e Transmissíveis (UCMIT), Pavel Desrosiers, observou que o exercício da SID é crucial para identificar os pontos fracos da resposta atual ao HIV.
De acordo com Hamfrey Sanhokwe, coordenador do PEPFAR para o Haiti, o SID também ajuda a quem faz doações a “medir o progresso na sustentabilidade programática e financeira e concentrar esforços para uma resposta nacional ideal ao HIV”.
A participação abrangente de todas as partes interessadas no tema de HIV é fundamental para o processo. “As pessoas vivendo com HIV foram representadas e contribuíram para todas as reuniões temáticas durante a semana e os intercâmbios foram produtivos”, disse Maria Malia Jean, representante da Federação Haitiana das Associações de Pessoas Vivendo com HIV (AFHIAVIH).
Os resultados do SID 2021 do Haiti serão finalizados e validados por todas as partes interessadas antes do final de outubro. As partes interessadas no HIV serão capazes, então, de visualizar e se concentrar em áreas que necessitam de maior fortalecimento, ao mesmo tempo em que notarão os sucessos que trabalharam tão arduamente para alcançar.
“O Haiti alcançou muito progresso na luta contra o HIV. Entretanto, os esforços devem ser sustentáveis e ampliados para garantir que as metas sejam atingidas até 2030”, diz o diretor geral do Ministério da Saúde Pública e População, Lauré Adrien