A educação sexual abrangente baseada na escola desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e do bem-estar de crianças e adolescentes, tanto agora quanto no futuro. Ela melhora os resultados em saúde sexual e reprodutiva, inclusive para infecções sexualmente transmissíveis (IST) e HIV, promove ambientes de aprendizagem seguros e equitativos de gênero e melhora o acesso à educação.
Em uma prévia do próximo relatório global sobre a situação da educação sexual abrangente, mais de 700 pessoas participaram de um evento on-line aberto e liderado por Stefania Giannini, diretora geral adjunta de educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Embora algum progresso tenha sido feito, Stefania Giannini observou que ainda há um longo caminho a percorrer e destacou a educação sexual abrangente como uma das principais prioridades de ação para alcançar a igualdade de gênero.
Participantes do evento ouviram as perspectivas e recomendações de jovens ativistas pela saúde sexual e reprodutiva e direitos e estudos de caso da Suécia, Tunísia e Namíbia, juntamente com o engajamento de lideranças políticas sobre como estão trabalhando para garantir uma educação sexual abrangente e de qualidade para toda a juventude. “Como todas as jornadas, o caminho para uma educação sexual abrangente é longo e às vezes traiçoeiro, mas está nos levando para futuros mais brilhantes e saudáveis para nossa juventude”, disse Stefania.
O painel de jovens, coletivamente, apelou para o reconhecimento da educação como um direito fundamental, a necessidade de uma forte implementação com financiamento adequado, monitoramento, avaliação suficientes e currículos verdadeiramente abrangentes que respondam às necessidades de toda a juventude.
Shannon Hader, diretora executiva adjunta de Programa do UNAIDS, dirigiu-se à reunião referindo-se à nova Estratégia Global de AIDS 2021-2026, à Declaração Política das Nações Unidas sobre AIDS 2021 e à importância da educação sexual abrangente para ambas. “A educação sexual abrangente é uma intervenção central necessária para prevenir o HIV entre jovens e também para capacita-los a reconhecer e tratar de questões de violência, abuso sexual e elementos de sua saúde e bem-estar sexual geral. É importante ressaltar que as lacunas no conhecimento da educação sexual abrangente não são iguais. Existem desigualdades baseadas no local onde vivem, níveis de renda familiar ou educação, acesso digital e graus de desigualdade de gênero na comunidade. A estratégia global reconhece que devemos acabar com as desigualdades para acabar com a AIDS.”
O relatório sobre o status global da educação sexual é uma colaboração entre a UNESCO, o UNAIDS, o UNFPA, o UNICEF, ONU Mulheres e a OMS, com o apoio dos governos e da sociedade civil. O relatório fornece um retrato da situação da educação sexual abrangente baseada na escola em todo o mundo, que pode ajudar a informar os esforços de defesa e recursos, à medida que governos e parcerias trabalham para o objetivo de assegurar que estudantes recebam educação sexual abrangente de boa qualidade durante toda a sua escolaridade.
“Para governos e partes interessadas internacionais, queremos que vocês se levantem, falem, mudem as regras e destinem recursos para uma educação sexual abrangente”
Reuben Ávila, jovem liderança mexicana da iniciativa She Decides e diretor da Sin Control Parental
O evento foi realizado no período que antecede o Fórum Geração Igualdade (em inglês), que será realizado de 30 de junho a 2 de julho e que lançará uma série de ações concretas, ambiciosas e transformadoras para alcançar progressos imediatos e irreversíveis em direção à igualdade de gênero.
“Autonomia corporal, saúde e direitos sexuais e reprodutivos” é uma das seis Ações de Coalizão que serão estabelecidas durante o Fórum Geração Igualdade. Entre as três ações acordadas para as Ações de Coalizão, a primeira é “Expandir a educação sexual abrangente”, com o objetivo de aumentar a oferta de educação sexual abrangente dentro e fora da escola para atingir mais 50 milhões de crianças, adolescentes e jovens até 2026. Esta meta é totalmente apoiada pela Estratégia Global para AIDS 2021-2026, que tem como meta geral atingir educação sexual abrangente para 90% de toda juventude.
“Para um engajamento significativo da juventude, temos que nos certificar de que tenham ouvidos, olhos e dentes”. Os ouvidos significam que jovens estão conscientes de seus direitos, a voz significa que podem defender esses direitos e os direitos a serem satisfeitos pelas pessoas que têm direitos e os dentes significam que jovens podem responsabilizar as pessoas que têm direitos por isso”, disse Marina Plesons, oficial técnica sobre saúde sexual e reprodutiva de adolescentes na OMS.