Em 29 de junho, uma das maiores organizações sem fins lucrativos com sede em São Petersburgo, na Rússia, está comemorando seu 20º aniversário. A Ação Humanitária fornece assistência médica e social abrangente às pessoas que usam drogas, incluindo serviços para a prevenção do HIV, hepatite viral e tuberculose, seguindo o princípio de trabalhar com todas as pessoas, independentemente de seu estilo de vida.
A Ação Humanitária é a sucessora da Doctors of the World, (Médicos do Mundo, na tradução livre para o portugês), que trabalhou na Rússia nos anos 90 durante uma crise econômica que viu um aumento no uso de drogas, HIV e outras infecções.
Hoje, a principal missão da Ação Humanitária é melhorar a vida e a saúde das pessoas que usam drogas, restaurar sua dignidade e aumentar a conscientização pública sobre o uso de drogas. A visão da organização é promover um mundo no qual as pessoas que usam drogas não morram de overdose, HIV, hepatite, tuberculose ou suicídio, tenham direitos e oportunidades iguais, não sejam estigmatizadas e discriminadas e não experimentem o autoestigma.”
Um ônibus turístico adaptado, conhecido como Blue Bus devido a sua cor, e um micro-ônibus convertido, o Little Bus, permitem que a Ação Humanitária trabalhe o mais próximo possível de onde as pessoas que usam drogas vivem e se reúnem. Um projeto conjunto com o centro de AIDS de São Petersburgo proporciona visitas domiciliares através de unidades móveis a pessoas gravemente doentes que vivem com HIV, muitas das quais são ex-usuárias de drogas que foram deixadas para trás pelos principais serviços.
A organização oferece equipamento de proteção pessoal contra infecções transmitidas pelo sangue e sexualmente, incluindo seringas e agulhas esterilizadas, preservativos, troca de seringas e etc. Em seu centro médico— o primeiro deste tipo na Rússia, já que oferece ajuda através de programas de baixo limiar — profissionais de saúde prestam serviços médicos anônimos e gratuitos em diversas especialidades para pessoas que usam drogas, profissionais do sexo, pessoas em situação de rua e migrantes.
As pessoas também podem obter serviços psicológicos através da Ação Humanitária. Também estão disponíveis conselhos legais sobre a restauração de documentos, tutela ou problemas com a lei e apoio médico e social para o diagnóstico e tratamento do HIV, hepatite ou tuberculose.
“Nem todas as pessoas estão prontas para mudar sua vida imediatamente. Nós ajudamos as pessoas a aprender a assumir a responsabilidade por sua saúde e a mudar gradualmente, passando de uma pequena vitória para outra”, disse Alexey Lakhov, diretor de desenvolvimento do Ação Humanitária.
“Somos uma espécie de ponte entre as pessoas que usam drogas e vários serviços governamentais e não governamentais. É que, conosco, torna-se mais fácil obter tal ajuda graças a parcerias com múltiplos serviços sociais e médicos.”
Alexey Lakhov, diretor de desenvolvimento do Ação Humanitária
O processo de ajudar as pessoas que usam drogas baseia-se no princípio de dar pequenos passos e visa introduzir gradualmente comportamentos mais seguros: não comece a usar drogas; se você começou, pare; se você usa drogas, pare de injetá-las; se você injetar drogas, use sempre uma seringa esterilizada; se não for possível usar uma agulha esterilizada toda vez, pelo menos nunca use a de outra pessoa; se usar a seringa de outra pessoa, desinfete-a sempre.
Algumas das pessoas que trabalham na Ação Humanitária são ex-usuárias de drogas, que compartilham suas histórias com outras pessoas, ajudando quem deseja desistir, encaminhando-as aos serviços apropriados.
“Parabenizamos a Ação Humanitária por seu 20º aniversário. Esperamos que em seu 30º aniversário também possamos celebrar o fim da AIDS e a eliminação de todas as formas de estigma e discriminação contra pessoas afetadas pelo HIV”, disse Alexander Goliusov, diretor do Escritório Regional do UNAIDS para a Europa Oriental e Ásia Central.