Diretora do UNAIDS define cenário de HIV e COVID-19 em abertura de reunião do Conselho

A 46ª reunião do Junta de Coordenação do Programa UNAIDS (conhecido pela sigla em inglês PCB, de Programme Coordinating Board) começou em 23 de junho de 2020. Realizada pela primeira vez como uma reunião virtual, como resultado da pandemia de COVID-19, a reunião terá três dias de discussão e reflexão sobre a resposta ao HIV, a interconectividade entre as pandemias gêmeas de HIV e COVID-19 e o trabalho do Secretariado e do Programa Conjunto.

Em seu discurso de abertura na reunião do PCB, Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS, apresentou uma visão geral do cenário envolvnedo o HIV e a COVID-19 em meados de 2020 e disse à audiência online que a epidemia do HIV ainda é um desafio urgente e inacabado.

“Mesmo antes da COVID-19, não estávamos no caminho de cumprir nossas metas para 2020. Agora a crise de COVID-19 traz o risco de nos desviar do caminho”, alertou Byanyima. “Como um Programa Conjunto, devemos enfrentar os desafios mais profundos para nos recuperarmos desta crise e vencermos as pandemias, promovendo sociedades seguras, equitativas e resilientes”, acrescentou.

Byanyima convocou os países a aprenderem as lições de uma história de acesso desigual aos serviços de HIV e aplicá-las à luta contra a COVID-19. Ela observou que milhões de pessoas morreram por doenças relacionadas à AIDS, enquanto havia medicamentos disponíveis que poderiam ter salvado suas vidas. Deixar o acesso a medicamentos a cargo de empresas farmacêuticas resultou em preços muito altos para as pessoas nos países em desenvolvimento.

Na mesma linha, Byanyima reiterou seu pedido de uma vacina popular para a COVID-19, com um acordo internacional de que todas as vacinas e tratamentos descobertos para a COVID-19 sejam disponibilizados a todos os países. “Os países em desenvolvimento não devem ser excluídos por questão de preços”, disse ela.

A diretor executivo também falou sobre a crescente relevância do UNAIDS durante uma nova pandemia e como o organismo possui uma combinação única de experiência e conhecimento que pode ajudar a garantir que os investimentos na resposta à COVID-19 reflitam as lições vitais aprendidas com a resposta ao HIV.

Apoiar o tratamento e a prevenção do HIV, trabalhar na linha de frente com as comunidades, apoiar os direitos humanos e a igualdade de gênero e fazer campanha contra o estigma e a discriminação – fazem parte do mandato principal do UNAIDS, disse ela na abertura da reunião. O UNAIDS seguirá cumprindo esse mandato e alcançando as pessoas que estão mais marginalizadas, mas também buscará influenciar a política global para enfrentar as desigualdades que colocam as pessoas em maior risco de contrair o HIV e a COVID-19, disse ela.

Falando da próxima estratégia global do UNAIDS, Byanyima se comprometeu na construção de uma estratégia nova decisiva, projetada para moldar uma resposta aprimorada ao HIV e que refletirá a contribuição e o envolvimento mais amplo possível – do PCB, de seus constituintes e da comunidade global de AIDS. Ela sugeriu que um ambicioso projeto de estratégia seja apresentado à 47ª reunião do PCB em dezembro de 2020, com uma versão final a ser revisada e adotada pelo PCB em março de 2021.

Byanyima atualizou o PCB sobre a transformação interna do UNAIDS, descrevendo como ela trará princípios de liderança feminista para ajudar a mudar a cultura da organização. Também foi anunciada uma série de outras etapas – incluindo um sistema revisado de gerenciamento de desempenho e uma função ética independente – que garantirá que a transformação continue em andamento.

Byanyima terminou seu discurso com um lembrete sobre os enormes retornos que podem ser observados em relação aos investimentos feitos no UNAIDS. Ela disse que é vital que o UNAIDS, juntamente com fontes de financiamento, como o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária e o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Combate à AIDS (PEPFAR), sejam totalmente financiados.

“Como a COVID-19 demonstrou, os investimentos em princípios, abordagens, infraestrutura e expertise em HIV se estendem para muito além da resposta à AIDS”, disse ela.

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