De 1 a 4 de novembro deste ano, São Paulo irá sediar o I Encontro Brasileiro de Saúde Trans, a ser realizado no Teatro Marcos Lindemberg, Universidade Federal de São Paulo (Rua Pedro de Toledo, 697 – Vila Clementino, São Paulo –SP).
O evento é organizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Coordenação Estadual de IST/AIDS e apoio do Programa Municipal de DST-AIDS da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Departamento de IST-AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) no Brasil, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da UNICAMP, Aids Healthcare Foundation (AHF), Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, ONG Ecos Comunicação em Sexualidade, Fóruns e Redes de movimentos sociais de Travestis e Transexuais.
O encontro contará com a participação de palestrantes nacionais e internacionais com expertise em populações transgênero, além de membros da World Professional Association for Transgender Health—WPATH (Associação Profissional Mundial para Saúde de Pessoas Transgênero, na traduçã livre para o português). Os coletivos trans, parceiros desse evento, protagonizarão a discussão do contexto e demandas da população trans no Brasil hoje, assim como o papel da militância, questões de empregabilidade e sua relação com o direito à saúde física, mental, e de reconhecimento da identidade autodeclarada (nome/gênero/sexo).
Denise Vieira, vice-coordenadora do Ambulatório do Núcleo Trans Unifesp, e Ricardo Martins, coordenador do Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP, explicam que esse evento tem como objetivo, para além da discussão em torno das boas práticas de cuidado em saúde, a criação da Associação Brasileira de Saúde Trans (Brazilian Professional Association for Transgender Health – BRPATH) como um capítulo da WPATH, projeto esse iniciado quando da participação de diversos pesquisadores brasileiros na reunião da WPATH em Amsterdã em 2016.
“Durante o evento, esperamos debater temas de interesse da pessoa trans com a própria população e representações trans, profissionais de saúde e pesquisadores, como políticas públicas específicas, aportes teóricos e conceituais sobre identidade de gênero, despatologização das vivências trans e seu impacto sobre o acesso e avanço das tecnologias de modificação corporal”, relata o professor da Unifesp Magnus R. Dias da Silva. Ainda de acordo com ele, outras questões de saúde e de direito das pessoas intersexo, gênero queer e gênero não-binário serão também abordadas, reforçando a importância do BRPATH para todo o país.
Para Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP, espera-se durante o encontro consolidar, fortalecer e promover os vínculos entre pessoas trans, ativistas, gestores e profissionais da saúde para reduzir agravos decorrentes do estigma, preconceito e exclusão em torno desta população.
A coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP, Rosa Alencar, ressalta que o evento visa sobretudo promover a atualização e discussão de boas práticas em saúde voltada à população de homens trans, mulheres transexuais e travestis, dentro de um amplo ambiente de discussão multiprofissional de promoção de cuidados em saúde e enfrentamento da transfobia.
“A população trans é, sem dúvidas, uma das mais desprovidas de direitos, principalmente quando constatamos que até mesmo o próprio direito de existir lhe é negado na maioria das muitas vezes”, destaca Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil. “Falar de saúde da população trans é um passo fundamental para promover a inclusão e a zero discriminação.”
“É fundamental aproximar e discutir com pessoas interessadas na promoção de políticas públicas de saúde que garantam os direitos de acesso e qualificação dos serviços prestados para a população trans, no sentido de promover bem-estar de travestis, mulheres transexuais e homens trans”, observa a pró-reitora de Extensão e Cultura da Unifesp, Raiane Assumpção.
Para os organizadores do encontro a união das representações das comunidades trans, profissionais da saúde e gestores fortalecerá os vínculos de representações e, certamente, contribuirá muito para a promoção de políticas mais efetivas, uma vez que teremos mais acesso à informação frente ao desafio de promover autonomia, cidadania e saúde integral para população trans.
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