Nosso desafio de acabar com a AIDS está apenas começando, diz Michel Sidibé

Prefácio do Relatório Acabando com a AIDS—Progresso rumo às metas 90-90-90

Quando eu lancei as metas 90-90-90 há três anos, muitas pessoas pensavam que seria impossível alcançá-las. Hoje, a história é muito diferente. Famílias, comunidades, cidades e países testemunharam uma transformação, com a aceleração no acesso ao tratamento para HIV nos últimos três anos. Um recorde de 19,5 milhões de pessoas têm agora acesso à terapia antirretroviral e, pela primeira vez, mais de metade de todas as pessoas que vivem com HIV estão em tratamento. Mais países estão pagando, eles mesmos, pelos custos do tratamento do HIV. Mais pessoas vivendo com HIV estão empregadas, mais meninas estão na escola, há menos órfãos, há menos problemas de saúde e menos pobreza. Famílias e comunidades estão se sentindo mais seguras.

Lançamento do novo relatório do UNAIDS, Acabando com a AIDS: progresso rumo às metas 90–90–90, que foi realizado no dia 20 d ejulho em Paris. Foto: UNAIDS

Com a ciência a nos mostrar que começar o tratamento o mais cedo possível tem o duplo benefício de manter as pessoas que vivem com HIV saudáveis e de prevenir a transmissão do vírus, muitos países agora adotaram a política de referência mundial de tratar todos. Nossos esforços estão trazendo um forte retorno sobre o investimento. As mortes relacionadas à AIDS foram reduzidas em quase metade em relação ao pico de 2005. Estamos vendo uma tendência descendente em novas infecções por HIV, especialmente no leste e sul da África, onde novas infecções por HIV diminuíram em um terço em apenas seis anos. Esta boa notícia é resultado do efeito combinado de uma rápida ampliação do tratamento e das intervenções de prevenção do HIV existentes. Indo mais além, cada dólar adicional investido na AIDS fornecerá um retorno de 8 dólares.

Mas nosso desafio de acabar com a AIDS está apenas começando. Vivemos em tempos frágeis, onde os ganhos podem ser facilmente revertidos. O maior desafio para esse avanço é o comodismo.

A solidariedade global e a responsabilidade compartilhada impulsionaram o sucesso alcançado até agora. Isso deve ser mantido. Mas, há vários anos, os recursos para a AIDS seguem estagnados e não estamos prontos para alcançar os 26 bilhões de dólares em investimentos que precisamos até 2020. Sem um aumento nos investimentos domésticos e na assistência internacional, não podemos avançar mais rapidamente pela Via-Rápida (Fast-Track). Mais pessoas serão infectadas pelo HIV e vidas serão perdidas. Sem mais trabalhadores comunitários de saúde, os sistemas de saúde permanecerão sobrecarregados. Sem alterar as leis, populações-chave serão deixadas para trás.

Michèle Boccoz, Embaixadora da França para a Resposta ao HIV, AIDS e doenças transmissíveis, fala durante o lançamento do relatório global do UNAIDS. Foto: UNAIDS

Não devemos falhar com as crianças, mulheres e meninas, jovens e populações-chave. Devemos envolver os homens de maneira diferente. Os homens estão sendo deixados para trás nesse impulso rumo às metas 90-90-90, o que afeta diretamente as vidas de mulheres e crianças.

Eu permaneço otimista. Este relatório demonstra claramente o poder das metas 90-90-90 e o que pode ser alcançado em pouco tempo. Isso mostra que as inovações são possíveis em todos os níveis—das comunidades aos laboratórios de pesquisa, das aldeias às cidades. Ele ilustra o poder da liderança política para tornar possível o impossível.

Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS

“Nós estamos no caminho para alcançar 30 milhões de pessoas vivendo com HIV em tratamento até 2020”, diz Michel Sidibé.

 

Acesse o comunicado de imprensa sobre o lançamento do relatório aqui.

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