Especialistas destacam a urgência de acabar com barreiras ao acesso a medicamentos de prevenção e tratamento de longa duração no Brasil

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) realizaram ontem, 14 de abril, um webinário para debater o acesso ao lenacapavir injetável de longa duração no Brasil. 

O evento destacou os desafios e horizontes para a implementação de medicamentos injetáveis para HIV no Sistema Único de Saúde (SUS), abordando o papel das novas tecnologias no tratamento e prevenção do HIV e a ampliação de estratégias considerando as diversidades de populações específicas. 

Durante o webinário, especialistas destacaram, entre outros pontos, a importância de uma política pública de saúde que priorize o cuidado com a população, além do aumento no Brasil do uso da Profilaxia Pré-exposição (PrEP). 

Thiago Torres
Susana Van Der Ploeg
Richard Parker
Dulce Ferraz
Draurio Barreira
Carlos Passarelli
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Uma oportunidade para acabar com a AIDS

O lenacapavir foi reconhecido como um dos principais avanços científicos do ano pela revista Science, por sua eficácia como PrEP e tratamento do HIV. Estudos clínicos apontam que sua administração subcutânea a cada seis meses melhora a adesão e a continuidade do uso, beneficiando populações mais vulneráveis. 

Pesquisas apontam que o lenacapavir pode fortalecer a adesão ao tratamento, pois sua aplicação ocorre apenas duas vezes ao ano. A administração semestral simplifica a incorporação do medicamento na rotina, além de reduzir o estigma e a discriminação ligados ao uso diário de comprimidos. 

Estudos no Brasil e América Latina

Thiago Torres, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz) durante sua apresentação, falou sobre o medicamento cabotegravir (CAB-LA) e mostrou os resultados do estudo “ImPrEP CAB Brasil: Aumentando a cobertura da PrEP com CAB-LA em populações-chave jovens”. Entre os resultados alcançados pelo estudo estão:

  • Escolha do CAB-LA de 83% pelas pessoas participantes do estudo;
  • Não ocorreram soroconversões na escolha do CAB-LA;
  • Baixa proporção de perda de seguimento entre participantes;
  • A melhora significativa na cobertura e a proteção da PrEP entre as pessoas que escolheram o CAB-LA.

Apesar dos avanços biomédicos, o Brasil não foi contemplado nos acordos estabelecidos para as versões genéricas, assim como outros países da América Latina.

Mapa da distribuição de países da América Latina, segundo acordo com a farmacêutica Gilead.

Na região, além do Brasil, Argentina, México e Peru participaram dos ensaios clínicos de fase 3 do estudo PURPOSE 2 sobre lenacapavir de longa duração injetável. Nesta fase, que também incluiu África do Sul, Tailândia e Estados Unidos foram incluídas populações específicas como homens cis gays, bissexuais e outros homens, homens trans, mulheres trans e pessoas não binárias. 

No PURPOSE 1, apenas o grupo de mulheres cis sul-africanas participaram do estudo.

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