O Programa Conjunto das Nações Unidas (UNAIDS) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) organizaram, nesta quinta-feira (21), na COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, uma discussão sobre HIV e mudanças climáticas.
UNAIDS e PNUD alertaram que as mudanças climáticas, que já são uma realidade global, podem interromper os serviços de HIV e aumentar os riscos de infecção para algumas das populações mais vulneráveis.
Em um novo relatório, as agências da ONU alertam que o enfraquecimento das infraestruturas de saúde pública, a maior prevalência de doenças associadas ao HIV, a insegurança alimentar, a escassez de água e o deslocamento em massa – problemas que se intensificarão devido às mudanças climáticas – podem aumentar novas infecções por HIV e causar mais mortes relacionadas à AIDS.
“Os avanços que fizemos na respostaà AIDS são frágeis e podem ser desfeitos pelo descontrole das mudanças climáticas”, afirmou Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS. “Alguns dos países mais vulneráveis ao clima também têm a maior prevalência de HIV e enfrentam as maiores dívidas, somando injustiça sobre injustiça. Precisamos encontrar maneiras de enfrentar essa crise tripla de financiamento – AIDS, clima e dívida – e investir nas comunidades que estão na linha de frente dessas crises que são interligadas.”
Para o UNAIDS, muitos dos países mais afetados pelas mudanças climáticas também enfrentam os piores impactos da epidemia de AIDS, e as mudanças climáticas provavelmente agravarão as desigualdades relacionadas à AIDS.
Das 4 mil meninas adolescentes e mulheres jovens, entre 15 e 24 anos, que representam as novas infecções por HIV a cada semana, 3.100 vivem na África Subsaariana, onde ondas de calor severas e secas podem tornar regiões inteiras inabitáveis.
As instituições focadas no HIV estão respondendo a esta crise – 70% do financiamento do Fundo Global para Combater HIV, Tuberculose e Malária está destinado a 50 dos países mais vulneráveis ao clima.
No entanto, muitos desses países enfrentam uma crise tripla de financiamento: recursos climáticos insuficientes, uma lacuna de US$ 9,5 bilhões no financiamento ao HIV e a carga esmagadora da dívida externa.
Quase 50% da população vive em países que destinam mais orçamento ao pagamento de dívidas do que à saúde, realidade observada na África Ocidental e Central, onde os países gastam sete vezes mais em dívidas do que em saúde.
Com 71% do financiamento público para o clima vindo como empréstimos, e não como doações, a crise climática só agravará esse problema.