Investir agora para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030 não apenas impacta no fim da pandemia, mas também amplia os benefícios deste investimentos para outros setores. Esta é uma das principais conclusões do relatório “Expandindo a resposta ao HIV para impulsionar ganhos amplos em saúde”, em tradução livre para o português, lançado esta semana pelo UNAIDS e pela organização Amigos da Luta Global Contra a AIDS, Tuberculose e Malária.
O relatório traz exemplos da Colômbia, Costa do Marfim, Jamaica, África do Sul, Tailândia e Uganda. Experiências nesses seis países indicam que respostas robustas ao HIV têm contribuído para benefícios de saúde mais amplos.
As evidências mostram que os programas de tratamento, prevenção e cuidados do HIV acabam ajudando a construir sistemas de saúde mais robustos, impactando a melhoria do acesso ao cuidado centrado nas pessoas e o fortalecimento da preparação para outras pandemias.
A integração de serviços específicos para o HIV aos que não são direcionados diretamente para esta pandemia está aumentando o acesso a serviços de saúde holísticos e abrangentes necessários para as pessoas vivendo com e afetadas pelo HIV.
Na Costa do Marfim, Jamaica, África do Sul e outros países, plataformas de serviços originalmente desenvolvidas para responder ao HIV estão sendo aproveitadas para fornecer uma ampla gama de serviços de saúde, incluindo prevenção, triagem e tratamento de outras doenças não transmissíveis.
A resposta ao HIV está inspirando formatos de cuidado em outras áreas. Na Colômbia, um modelo de cuidado especificamente desenvolvido para o HIV agora está sendo usado para a prestação de atenção abrangente e coordenada para outras doenças crônicas, incluindo diabetes, câncer e doenças cardiovasculares.
Componentes do sistema de saúde fortalecidos por meio de investimentos em HIV também estão melhorando uma ampla variedade de resultados de saúde, além daqueles relacionados ao HIV e à AIDS.
Na Costa do Marfim, sistemas de laboratório fortalecidos por meio de investimentos em HIV estão contribuindo para serviços de diagnóstico para múltiplos problemas de saúde, incluindo saúde materna e infantil, tuberculose, hepatite viral e COVID-19.
Frente à lentidão no progresso na conquista de muitas das metas de saúde dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os esforços para acabar com a AIDS se destacam como uma luz de esperança.
Desde 2010, as novas infecções pelo HIV e as mortes relacionadas à AIDS diminuíram globalmente em 38% e 51%, respectivamente.
“Este relatório destaca a necessidade de esforços mais direcionados, por parte dos países, para identificar e aproveitar oportunidades de ‘ganha-ganha’ que aumentem, de forma eficiente e eficaz, o alcance dos serviços de saúde. Com isso garantimos progresso no sentido de acelerar o progresso em direção ao fim da AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030 e para alcançar outras metas de desenvolvimento sustentável relacionadas à saúde”, diz Angeli Achrekar, diretora executiva adjunta de Programas do UNAIDS.
O relatório traz uma série de recomendações para alavancar ainda mais os benefícios de saúde mais amplos obtidos por meio de investimentos em HIV ampliados e sustentáveis.
Registra, ainda, que uma atenção particular é necessária para manter e fortalecer os investimentos em redes comunitárias robustas e sustentáveis de pessoas vivendo com HIV e populações-chave, incluindo redes lideradas por mulheres e jovens.
Chris Collins, presidente e CEO dos Amigos da Luta Global, disse: “A resposta ao HIV representa uma força para o engajamento de múltiplas partes interessadas, desenvolvimento de programas baseados em direitos humanos, liderança comunitária e constante inovação. Essas são forças que precisamos trazer para os serviços de saúde de forma mais ampla, incluindo a preparação para pandemias e garantia de Cobertura Universal de Saúde. Mas esse papel catalítico para a resposta ao HIV só é possível se governos, doadores e comunidades investirem adequadamente e se comprometerem com um progresso acelerado contra o HIV”.
Para acessar os dados completos do relatório, em inglês, acesse aqui.