Sobreviventes: Conheça a história inspiradora de Cazu, brasileiro que tornou sua sorologia pública para quebrar o estigma

Para celebrar o Dia Mundial da AIDS 2021, o UNAIDS associou-se à Through Positive Eyes (Através de olhos positivos, na tradução livre para o português) e lançou a exposição virtual Survivors (Sobreviventes, em tradução livre para o português) para celebrar a vida das pessoas que vivem com o HIV há muitos anos. Através de uma série de fotografias e depoimentos pessoais, pessoas que vivem com HIV descrevem como é viver em um momento em que há soluções biomédicas para prevenção, diagnóstico e tratamento, mas que ainda hoje apresenta níveis devastadores de estigma e discriminação ligados ao HIV.

As histórias descrevem as suas lutas, medos e esperanças, mas destacam a coragem e determinação de sobreviventes do HIV de longa data. Acima de tudo, as histórias são um apelo para eliminar todas as formas de estigma e discriminação relacionadas com o HIV e para acabar com as desigualdades que alimentam a epidemia da AIDS.

Uma das pessoas retratadas no projeto é Cazu, brasileiro do Rio de Janeiro, que há muito tempo vive com HIV e convive com o preconceito que ainda persiste na nossa sociedade.

Cazu

Cazu, um sobrevivente de longa data do HIV, contraiu o vírus quando tinha 16 anos. Para quebrar o estigma em torno do HIV, Cazu tornou pública sua sorologia e compartilhou a sua história com outras pessoas.

Vivendo com o HIV, consegui muitas coisas que nunca pensei possíveis—reconhecimento público, grandes papéis tanto no cinema como no teatro—tudo desde que passei a viver com HIV. Isto me deu forças para encorajar mais pessoas com HIV a tomarem a mesma posição: “Vivo com HIV e não vou desistir dos meus objetivos. Se algo não estiver funcionando, posso mudá-lo e encontrar uma forma de avançar. Foi o que eu fiz.

O que me fez decidir sobre tornar pública minha sorologia foi a necessidade quebrar o estigma de que as pessoas que vivem com AIDS são feias, que são improdutivas e que devem ser isoladas ou tratadas como infelizes.

Pessoas que vivem com o HIV continuarão a ser quem eram antes do HIV, independentemente disso. As que eram boas pessoas continuarão a ser boas pessoas, e o mesmo vale para as que não o eram.

Independentemente de viverem ou não com o HIV, as pessoas continuam a ser seres humanos. Elas ainda têm sentimentos. Elas amam, sofrem, choram e riem. O HIV não mudou fundamentalmente o meu jeito de viver.

A morte deixou o meu subconsciente e entrou na minha mente de forma consciente. Mas de forma alguma o HIV pode atrapalhar a minha vida. Na verdade, comecei a viver mais depois do HIV. Porque o HIV não pode ser mais forte do que a vida.

Perdi o meu emprego durante a pandemia de COVID-19 e peguei COVID-19 duas vezes, mas tive a sorte de não ter ficado sério.

Comecei a minha própria microempresa a vender copos descartáveis, o que me ajudou a sobreviver. Sou autossuficiente e continuarei a viver a vida de forma positiva e a compartilhar as minhas experiências e conhecimentos om outras pessoas.

Mensagem de Cazu para as lideranças mundiais

“As desigualdades impedem as pessoas de terem acesso a recursos importantes como a PrEP, PEP e preservativos. Os governos precisam continuar com campanhas de prevenção contínuas durante todo o ano, e não apenas uma vez por ano, por ocasião do Dia Mundial da AIDS. Os governos também precisam de fornecer financiamentos a ONGs. Muitas delas fecharam as suas portas por causa da falência e, portanto, não podem ajudar ninguém.

Projeto Survivors

O Survivors é original do UNAIDS, e conta a história de 28 pessoas, duas delas brasileiras. Conheça a história de Aninha, outra brasileira que participou do projeto, e leia as outras 26 histórias de sobreviventes aqui (em inglês).

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