O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) felicita a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, ONG responsável pela maior parada LGBT do mundo, adoção do tema HIV/AIDS para sua 25ª edição, em 2021.
Tratar o HIV e a AIDS como tema central na maior parada LGBT do mundo é de extrema importância. Os dados do grande impacto da epidemia de HIV entre homens gays, travestis e mulheres trans não são novos. Estima-se que um em cada cinco homens gays e HSH (homens que fazem sexo com homens) vive com HIV no Brasil; e que a prevalência do HIV entre travestis e mulheres trans pode ser superior aos 30%.
Além dos dados epidemiológicos, há evidências mais que concretas de que a epidemia do preconceito, do estigma e da discriminação segue destruindo as vidas de muitas pessoas que fazem parte desta população, considerada chave para a construção da resposta que precisamos dar para mudar este cenário. Os dados do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, lançados em dezembro de 2019, trazem indicativos preocupantes: 64% das pessoas vivendo com HIV/AIDS relataram ter sofrido alguma forma de discriminação; 75% delas afirmaram esconder sua sorologia; enquanto 37% afirmaram ter vergonha de ser soropositivo.
“Há mais de 20 anos, a Parada LGBT de São Paulo tem mostrado ao Brasil e ao mundo que nossa orientação sexual e identidade de gênero é motivo de orgulho e não de vergonha. Ao abordar o tema HIV/AIDS, a Parada contribuiria também com uma mensagem poderosa de que viver com HIV/AIDS não deve ser motivo para se esconder, para ter vergonha e para discriminação”, escreveu o diretor interino do UNAIDS, Cleiton Euzébio de Lima, em uma carta enviada à Associação da Parada do Orgulho LGBT do Estado de São Paulo, no dia 12 de dezembro de 2019, como forma de demonstrar apoio à adoção do tema para o evento.
Para o UNAIDS, a confirmação do tema HIV/AIDS para a Parada de 2021 representa uma oportunidade excelente para fortalecer e ampliar o trabalho conjunto do movimento formado por redes de pessoas vivendo com HIV/AIDS, coletivos, organizações não governamentais e outras entidades que trabalham diretamente com as interseccionalidades envolvidas nos temas LGBT e HIV/AIDS.
Acreditamos que, de agora até 2021—data que marcará os 40 anos das notificações dos primeiros casos da “doença que causava imunodeficiência severa e afetava especialmente homens gays”—, poderemos igualmente construir, em conjunto, oportunidades para que a comunidade LGBT se aproprie mais uma vez do tema, como no início da epidemia, assumindo a dianteira nesta empreitada para o fim do estigma e da discriminação em relação ao HIV/AIDS. Isto contribuirá fortemente para alcançarmos o fim da epidemia de AIDS como ameaça à saúde pública até 2030, meta assumida por todos os países-membros da ONU como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ao felicitar o cineasta André Canto—diretor do documentário Carta para Além dos Muros e do projeto #PrecisamosFalarSobreIsso, com foco em HIV/AIDS—, responsável pela defesa do tema nas reuniões de novembro e dezembro de 2019, felicitamos também o esforço conjunto de outras 15 instituições, organizações, redes e coletivos que, assim como o UNAIDS, apoiaram este processo: Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+), Rede de Jovens São Paulo Positivo, Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP), Grupo de Incentivo à Vida (GIV), Grupo Pela Vidda-SP, Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), Coletivo Contágio, Fundo Positivo, Programa de Estadual DST/Aids de São Paulo, Coletivo Loka de Efavirenz, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas do Estado de São Paulo (MNCP-SP), Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS (RNTTHP), AIDS Healthcare Foundation Brasil (AHF Brasil) e Movimento Paulistano de Luta contra a Aids (MOPAIDS)
Há pelo menos três anos, o UNAIDS tem atuado no apoio à Associação da Parada do Orgulho LGBT do Estado de São Paulo para a promoção de encontros e debates envolvendo a população LGBT e o HIV/AIDS, com foco especial em jovens dessas populações que vivem em situação de maior vulnerabilidade à epidemia. Por isso, acreditamos que este seja um momento de celebrar esta decisão e esta conquista de todos os movimentos envolvidos. Como sempre, contem com o total apoio do UNAIDS no Brasil para este esforço coletivo que será necessário para o sucesso da 25ª Parada LGBT de São Paulo com o tema HIV/AIDS.