Lucy Wanjiku é uma jovem mãe que vive com HIV e lidera a organização Vozes de Mulheres Jovens Positivas do Quênia. Ela tinha apenas 19 anos quando descobriu que estava vivendo com HIV. “Ser mãe adolescente e viver com HIV foram experiência muito diferentes”, disse Lucy. “Fui discriminada pela comunidade, minha família e até mesmo por serviços de saúde. Não há estrutura de suporte disponível. ”
A história de Wanjiku é comum na África Subsaariana. Cerca de 6.900 meninas adolescentes e mulheres jovens entre os 15 e os 24 anos são infectadas com HIV a cada semana; das quais, 5.500 vivem na África Subsariana.
Agora, Wanjiku está usando sua voz para ajudar e aumentar a conscientização sobre os desafios que as mulheres jovens enfrentam diariamente no Quênia. Em um evento organizado pelo UNAIDS no Fórum do Dias Europeus do Desenvolvimento (EDD) em Bruxelas, Wanjiku compartilhou uma visão alarmante sobre questões relacionadas à violência baseada em gênero, casamento precoce, violência entre parceiros íntimos, sexo transacional, baixa frequência escolar e falta de empoderamento econômico, que são todos fatores de risco para o HIV que mulheres jovens e meninas adolescentes enfrentam todos os dias.
“Os grupos de apoio funcionam”, disse Wanjiku. “Com suporte, organizações baseadas na comunidade podem facilitar isso suavemente. Precisamos envolver mais líderes adolescentes e mulheres jovens na tomada de decisões para adaptarmos o que funciona para nós, de maneira sustentável.”
O evento, chamado Empoderando Mulheres e Meninas—Reduzindo Novas Infecções por HIV, destacou a importância de empoderar mulheres jovens e meninas adolescentes para evitar novas infecções por HIV. Realizado nos dias 5 e 6 de junho, o Fórum do EDD contou com a participação de mais de 6 mil pessoas de 140 países, representando 1.200 organizações de comunidades em desenvolvimento.
“Devem ser feitos esforços consideráveis para alcançar a meta de menos de 100.000 novas infecções por HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens até 2020,” disse Tim Martineau, Diretor Executivo Adjunto Interino do UNAIDS. “O Roteiro de Prevenção do HIV até 2020, lançado por UNAIDS, UNFPA e parceiros em 2017, será fundamental para orientar os esforços. Para que as mudanças sejam duradouras, também é muito importante envolver homens e meninos.”
O evento foi moderado por Ebony Johnson, uma estrategista de saúde pública e gênero, e reuniu várias informações e experiências de jovens ativistas, pessoas vivendo com HIV, sociedade civil e representantes de desenvolvimento internacional.
Destacando a importância do acesso à informação, Melodi Tamarzians, uma jovem embaixadora sobre saúde sexual e reprodutiva e direitos dos Países Baixos, destacou que apenas 34% dos jovens têm conhecimento correto sobre prevenção e transmissão do HIV. “Eu acredito no poder infinito dos jovens de causar mudanças em si e em suas comunidades”, disse ela. “E eles precisam ter acesso a uma educação sexual abrangente, que não é apenas importante para prevenir violência, mas também para causar benefícios individuais e sociais de longo alcance.”
Winnie Byanyima, Diretora Executiva da Oxfam Internacional, falou sobre as barreiras políticas e lembrou que, para melhorar as ações entre meninas adolescentes e mulheres jovens, é necessário criar espaço para que as jovens participem dos processos de tomada de decisões. Ela acrescentou que o investimento precisa ser seguro para fortalecer o empoderamento econômico e melhorar a saúde das mulheres. “As jovens mulheres afetadas pelo HIV podem ter medo de acessar os serviços de saúde por falta de confidencialidade, discriminação e custo. Precisamos investir na educação entre pares e no acesso gratuito aos serviços para capacitar as mulheres a proteger sua saúde,” disse ela.
O UNAIDS, juntamente com uma ampla gama de parceiros, incluindo mulheres vivendo com HIV e organizações de mulheres, estão trabalhando para corresponder às necessidades das mulheres e meninas em todas as metas da Declaração Política das Nações Unidas sobre o Fim da AIDS. O UNAIDS trabalha para garantir que mulheres e meninas tenham seus direitos respeitados e sejam empoderadas para se protegerem do HIV, e também para que todas as mulheres e meninas vivendo com HIV tenham acesso imediato ao tratamento.