Elucidando a violência de gênero no Quênia: por que devemos fazer mais

A violência de gênero é uma das mais persistentes violações de direitos humanos em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um terço das mulheres em todo o mundo já sofreram algum tipo de violência. A violência doméstica aumenta o risco de infecção por HIV em até uma vez e meia, dependendo da região. Entre as populações marginalizadas, uma alta prevalência de violência está ligada a taxas mais altas de infecção pelo HIV, particularmente entre as mulheres trans.

No Quênia, um estudo recente descobriu que 32% das mulheres jovens entre 18 e 24 anos e 18% de homens da mesma faixa etária relataram ter sofrido violência sexual antes dos 18 anos. A violência baseada em gênero reduz o poder de barganha para negociar sexo mais seguro, continuar o tratamento ou permanecer na escola.

Para esclarecer e fomentar ações que contribuam para o fim da violência de gênero no Quênia, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), juntamente com a Associação Médica das Mulheres do Quênia, a Associação de Mulheres Juízas do Quênia e parceiros, lançaram a Campanha Tuongee (Vamos Conversar), em 25 de maio, em um evento organizado pela Embaixada da Bélgica no Quênia, e pelo escritório local do UNFPA, organismo da ONU que é um dos 11 copatrocinadores do UNAIDS.

Ao se pronunciar no lançamento, Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS, disse que “a violência de gênero e o HIV são epidemias entrelaçadas. Se quisermos superar qualquer um dos dois, devemos enfrentar as barreiras estruturais que impulsionam ambos.” Ele falou sobre a necessidade de empoderar as jovens mulheres com habilidades e capacidades para tomar decisões bem-informadas sobre sua saúde e ressaltou a importância fundamental de envolver meninos e homens, o quanto antes, para mudar comportamentos e desafiar normas que ainda permitem que a violência baseada em gênero persista.

Uma jovem sobrevivente de violência de gênero de Kisumu, uma cidade portuária no Lago Vitória, fez um testemunho comovente e poderoso, lembrando os participantes sobre a importância essencial da campanha e da necessidade fazer ouvir a sua voz para ajudar sobreviventes na aceitação e na recuperação. Ela também pediu aos pais que conversassem com seus filhos sobre violência e que os apoiassem a falar abertamente sobre isso.

O Embaixador da Bélgica no país, Nicolas Nihon, enfatizou o compromisso do governo belga em combater todas as formas de violência baseada em gênero e elogiou o trabalho de parceiros no Quênia no apoio a sobreviventes. “A violência de gênero não é, infelizmente, um fenômeno incomum para mulheres e meninas,” disse Ademola Olajide, representante do UNFPA no país. “O cuidado e o apoio a sobreviventes são fundamentais para eliminar a violência de gênero e isso requer uma abordagem multissetorial.”

Os participantes afirmaram que a ação comunitária, combinada com o ativismo global e a mudança estrutural, pode levar a mudanças e que há muito potencial para aproveitar o bom trabalho já feito e acelerar os resultados.

Atingir a igualdade de gênero, promover o empoderamento das mulheres e cumprir com as demandas de saúde sexual e reprodutiva, bem como com os direitos das mulheres e meninas, são pontois centrais para o trabalho do UNAIDS e cruciais o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e das metas estabelecidas na Declaração Política de 2016 das Nações Unidas sobre o Fim da AIDS.

O UNAIDS, juntamente com uma ampla gama de parceiros, incluindo mulheres vivendo com HIV e organizações de mulheres, estão trabalhando para garantir que mulheres e meninas tenham seus direitos respeitados e sejam empoderadas para se protegerem do HIV, e também para que todas as mulheres e meninas vivendo com HIV tenham acesso imediato ao tratamento.

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