Um compromisso global com a aceleração da resposta ao HIV nos próximos cinco anos permitirá que o mundo acabe com a epidemia de AIDS em menos de duas décadas. A conclusão vem do novo relatório do UNAIDS Acelerando a resposta para acabar com a epidemia de AIDS em 2030, lançado nesta terça-feira (18/11), em Los Angeles, na Califórnia (EUA). O Relatório informa que cerca de 28 milhões de novas infecções pelo HIV e 21 milhões de mortes relacionadas à AIDS poderão ser evitadas nos próximos 15 anos caso o mundo se comprometa em adotar a abordagem do UNAIDS de Aceleração da Resposta ao vírus.
“Estamos conseguindo inverter a trajetória da epidemia”, disse Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS. “Agora temos cinco anos para eliminá-la para sempre ou corrermos o risco de ver uma retomada da epidemia de forma descontrolada.”
O relatório foi lançado na Universidade da Califórnia-Los Angeles (UCLA), durante um evento organizado por David Gere, diretor do UCLA Art & Global Health Center (Centro de Arte & Saúde Global da UCLA). Gere e Sidibé estavam acompanhados da atriz Charlize Theron, Mensageira da Paz da ONU e fundadora do Charlize Theron Africa Outreach Project.
Metas para Acelerar a Resposta
O novo conjunto de metas que precisam ser alcançadas até 2020 faz parte da estratégia 90-90-90: que 90% de todas as pessoas vivendo com HIV conheçam seu status; que 90% das pessoas diagnosticadas recebam terapia antirretroviral; e que 90% das pessoas recebendo tratamento possuam carga viral suprimida e não mais possam transmitir o vírus.
UNAIDS estima que cerca de 13,6 milhões de pessoas tinham acesso à terapia antirretroviral em todo o mundo até junho de 2014, uma conquista significativa para garantir que 15 milhões de pessoas estejam em tratamento até 2015, mas ainda distante das metas 90-90-90. Além disso, um esforço especial será necessário para eliminar as lacunas ainda existentes para aumentar o número de crianças em tratamento.
Outras metas incluem a redução em mais de 75% no número anual de novas infecções pelo HIV – para 500.000 – até 2020 e o alcance do que o UNAIDS reconhece como Zero Discriminação. Baseadas nos direitos humanos, essas metas reforçam a abordagem de não permitir que ninguém seja deixado para trás. Se alcançadas, elas vão melhorar significativamente os resultados na área da saúde em todo o planeta.
O progresso na resposta ao HIV tem sido forte e amplamente difundido, acompanhado de muitas lições sobre como programar ações de forma efetiva e eficiente para garantir resultados com foco nas pessoas. Esta mensagem foi evocada por Charlize Theron ao falar a estudantes, pesquisadores, formuladores de políticas e defensores da causa presentes no evento de lançamento.
“Quando os jovens têm acesso a opções de qualidade nas áreas de saúde e educação sobre o HIV, eles fazem escolhas inteligentes para o futuro. Vamos garantir que os adolescentes ao redor do mundo tenham o poder de fazer parte da solução para acabar com esta epidemia”, disse a atriz. “Alcançar as Metas de Aceleração do UNAIDS significa garantir que ninguém seja deixado para trás.”
O Relatório Acelerando a resposta para acabar com a epidemia de AIDS em 2030 também destaca a importância dos investimentos para que estas metas sejam atingidas. Os países de renda baixa vão precisar de 9,7 bilhões de dólares em financiamentos nesta área até 2020, enquanto os países de renda média baixa precisarão de 8,7 bilhões no período. Será necessário financiamento internacional para complementar estes investimentos, especialmente em países de renda baixa cujos recursos domésticos arcam atualmente com apenas cerca de 10% de suas ações em resposta ao HIV. Já os países de renda média alta vão precisar gastar 17,2 bilhões até em 2020. Em 2013, 80% deles financiaram com fontes domésticas suas respostas ao HIV.
“Se, nos próximos cinco anos, investirmos apenas 3 dólares por dia para cada pessoa que vive com HIV, conseguiremos vencer a epidemia de uma vez por todas”, disse Sidibé. “E sabemos que para cada dólar investido teremos 15 dólares de retorno.”
Se os investimentos suficientes forem alcançados, as necessidades mundiais de recursos vão começar a cair a partir de 2020. Em 2030, os investimentos necessários para todos os países de renda baixa e média somarão 32,8 bilhões de dólares anuais, uma queda de 8% em relação aos 35,6 bilhões dólares estimados para 2020. Esses recursos farão com que o dobro de pessoas tenha acesso a tratamento antirretroviral em 2020, em relação a 2015.
Foco
A abordagem do UNAIDS de Aceleração da Resposta enfatiza a necessidade de focar as ações nas regiões, cidades e comunidades mais afetadas pelo HIV e recomenda que os recursos sejam concentrados nas áreas onde o impacto será maior. Esta abordagem reforça ainda que são necessários esforços especiais nos 30 países que respondem juntos por 89% das novas infecções pelo HIV em todo o mundo, entre eles o Brasil. Para Acelerar a Resposta nacional nestes 30 países prioritários será necessária ampla mobilização de recursos humanos e institucionais, bem como de parceiros internacionais estratégicos, além de compromissos significativos, tanto das fontes domésticas quanto internacionais de financiamento.
A importância de alcançar as pessoas mais afetadas pelo HIV é destacada no Relatório como essencial para acabar com a epidemia da AIDS. O documento também levanta preocupações com as questões de acesso aos serviços de HIV para as pessoas mais necessitadas.