No Dia da Consciência Negra, o UNAIDS celebra a cultura, conquistas e potência da população negra. Ao mesmo tempo, alerta que as desigualdades e o racismo estrutural têm um impacto desproporcional sobre esta população, incluindo na resposta ao HIV e à AIDS.
Os dados oficiais da segunda edição do Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, lançado recentemente pelo Ministério da Saúde, mostram que pessoas negras são as mais impactadas com pelas novas infecções por HIV e evolução para a AIDS.
Em 2021, quando considerados os casos de AIDS na faixa de menores de 14 anos, a proporção de pessoas negras foi superior a 70% (6,3% de pessoas pretas e 64,9% de pessoas pardas).
Para jovens de 15 a 29 anos, a proporção de casos de AIDS em pessoas negras é de 63,7% (13,2% de pretos e 50,5% de pardos). Na última década, houve um aumento de 7,9% nas mortes em decorrência da AIDS. Foram de 52,6% em 2011 para 60,5% em 2021.
Quando o racismo se cruza com a questão de gênero, observa-se que mulheres negras e pardas também estão entre as mais vulneráveis. O número de casos de HIV entre pessoas grávidas pretas e pardas saiu de 62,4%, em 2011, para 67,7%, em 2021. Mulheres e jovens de 15 a 29 anos representaram 69,6% destas notificações.
“Temos até 2030 para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública, e os números nos mostram que precisamos evoluir mais rapidamente em respostas eficazes, que incluam a população negra do Brasil, historicamente a mais vulnerável no acesso aos serviços de saúde”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil. “A riqueza cultural e ancestral da população negra brasileira deve ser celebrada em todas as suas especificidades, e o UNAIDS segue trabalhando de perto com esta população para garantir que que ninguém fique para trás”, finaliza.