O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) participou com um workshop focado na cobertura da imprensa sobre HIV/AIDS do 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que aconteceu em São Paulo, entre os dias 29 de junho e 02 de Julho.
O workshop, coordenado por Renato Guimarães, oficial de Comunicação e Advocacy do UNAIDS, e Eduardo Almeida, assistente de Comunicação do UNAIDS, começou abordando a forma como a imprensa global e brasileira noticiaram os primeiros casos de HIV e AIDS, ainda na década de 1980, e como a abordagem, em geral sensacionalista e desinformadora, reflete-se ainda hoje na percepção pública, aumentando o estigma e discriminação contra populações-chave historicamente marginalizadas.
Abaixo, alguns registros jornalísticos dos primeiros anos da epidemia da AIDS.
Em seguida, foi abordada a evolução biomédica e social da resposta ao HIV, que torna o status atual da pandemia de AIDS muito diferente do que foi em seu início.
A eficiência dos medicamentos antirretrovirais (TARV) significa que uma pessoa infectada pelo HIV em tratamento e acompanhamento médico pode ter sua carga viral suprimida, tornando-a indetectável e, portanto, intransmissível.
Contribuem também para o controle de novas infecções e transmissões a existência de diferentes ferramentas de prevenção, como as profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP).
Foram compartilhados os dados mais recentes sobre a pandemia de AIDS no mundo e no Brasil e discutido o papel que as múltiplas desigualdades, associadas ao estigma e à discriminação, em dificultar ou impedir que populações mais vulneráveis tenham pleno acesso aos serviços de resposta ao HIV.
Houve bastante interesse e participação do público que lotou o espaço do workshop, que foi concluído com uma indicação de como jornalistas podem aprimorar sua cobertura sobre HIV/AIDS:
“O workshop do UNAIDS no Congresso permitiu que nós, comunicadores e jornalistas, percebêssemos como falhamos ao longo dos anos na cobertura sobre o HIV e AIDS. Essa falha criou preconceitos e estigmas, que seguem até hoje, contra pessoas que vivem com HIV”, disse Gabriel Arouca Leão, estudante de jornalismo. “É nosso papel hoje, como comunicadores, apoiar as pessoas que vivem com HIV/AIDS com um jornalismo mais humanizado. O workshop me trouxe um crescimento não apenas profissional, mas pessoal também”, finaliza.
“Ter a oportunidade de trocar ideias com jornalistas profissionais ou em formação, no Congresso da ABRAJI, é muito importante para o UNAIDS pelo papel fundamental que a imprensa desempenha em levar informação correta e atualizada para a população”, diz Renato Guimarães, do UNAIDS. “O ótimo nível de perguntas e participação no workshop mostra que o interesse pelo assunto de HIV/AIDS segue alto, o que é importante, tendo-se em vista que a pandemia ainda não está controlada e novas pessoas, muitas delas jovens, seguem se infectando pelo HIV ou morrendo em decorrência da AIDS todos os anos”, completa.
“Desde o nascimento da proposta até a execução, entendemos como o tema proposto pelo UNAIDS era relevante. O Congresso é um espaço para que estudantes, que é maioria dos participantes, consigam perceber temas importantes e que saíram da agenda pública”, diz Maria Esperidião, gerente-executiva da Abraji e curadora das atividades do Congresso. “Da mesma forma que estamos ampliando os assuntos e ressignificando outros, penso que o workshop foi uma provocação e, ao mesmo tempo, muito útil. Olhar o outro dentro de uma perspectiva mais inclusiva, sem preconceitos e estigmas, é uma das missões do jornalismo”, finaliza.
O Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que está na sua 18a edição, debateu, entre outros temas, o impacto da inteligência artificial na comunicação, as complexidades da política no Brasil e no exterior, os bastidores de reportagens investigativas sobre direitos humanos, meio ambiente, violência, corrupção e outros assuntos que ganharam atenção no último ano.
As discussões sobre projetos inovadores, técnicas de apuração e uso de dados também foram destaques da programação.
Este ano, o Congresso reuniu mais de 1.500 profissionais e estudantes de jornalismo e teve uma homenagem a Caco Barcellos, jornalista com mais de cinco décadas de experiência, criador de técnicas de investigação e banco de dados inovadoras e autor de diversos livros, entre eles, o premiado “Rota 66”.
Clique aqui para conferir a apresentação do workshop do UNAIDS no Congresso da Abraji.