Mulheres vivendo com HIV de diferentes partes do Brasil usam linhas, tecidos e retalhos coloridos para dar forma a mãos, pés e sorrisos de bonecas de pano, que são comercializadas para gerar renda. A ação faz parte do Projeto Mulher Empreendedora, implementado pelo Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP). A iniciativa recebeu recursos do Fundo Solidário, lançado em 2020 pelo UNAIDS para apoiar atividades de empreendedorismo lideradas por pessoas vivendo com HIV e de populações-chave.
Ao todo, 35 mulheres de todas as regiões do Brasil participaram do projeto, que foi implementado de forma online. Para tanto, tiveram acesso a videoaulas ensinando o passo-a-passo da confecção das bonecas, incluindo a “Tilda Toy”, um estilo que faz sucesso nas redes sociais e que, por escolha das participantes, recebeu um adorno que faz referência à artista mexicana Frida Kahlo. Elas também participaram de uma formação em empreendedorismo, na qual aprenderam temas como marketing, vendas, precificação, planejamento e uso de mídias sociais, além de receberem uma mentoria sobre modelagem de negócios. Todas receberam uma ajuda de custo para adquirir os materiais necessários para começar a produzir as bonecas e, depois, para continuar a produção, ao fim do projeto.
Do grupo inicial, 28 mulheres já estão comercializando suas bonecas de forma independente. Destas, duas iniciaram empreendimentos próprios e as demais vendem suas produções em feiras locais e entre familiares e círculo de amizade. A intenção é caminhar para formar uma rede de produção com fins educacionais. O MNCP estima que cerca de 90 pessoas, entre mulheres participantes, familiares e redes de apoio foram direta ou indiretamente alcançadas pelo projeto e pela capacitação oferecida.
Para Iranilde Pereira Fonseca, 55 anos, de Campinas (SP), a participação no Projeto Mulher Empreendedora foi importante para fortalecer a rede com outras mulheres vivendo com HIV. “Foi muito bom fazer o curso. Ouvi os relatos das mulheres e aprendi com a experiência de quem já tem conhecimento e com as dificuldades de cada uma. Vi que não era só eu que tinha dificuldade, então foi uma lição pra mim”, destaca.
Fabiana Oliveira, secretária de Comunicação do MNCP e coordenadora técnica do Projeto Mulher Empreendedora, explica que a iniciativa surgiu a partir da constatação de que a pandemia de COVID-19 trouxe um impacto desproporcional para as mulheres. “O projeto foi extremamente importante para as mulheres que vivem com HIV/AIDS, sem condições de acessar o mercado de trabalho, com a aposentadoria cortada, sobrecarga de trabalho doméstico, vivências de violência e tendo de lidar com a interrupção dos serviços de saúde especializados. Por meio dele, pudemos oferecer uma alternativa para as demandas e dificuldades apresentadas, um incentivo para a autonomia, empoderamento e ao empreendedorismo e suporte para que as mulheres participantes possam, por meio da venda das bonecas, suprir suas necessidades básicas”, relembra.
Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil, destaca que o apoio do Fundo Solidário ao Projeto Mulher Empreendedora está em linha com a visão estratégica de botar pessoas e comunidades no centro da resposta ao HIV. “Esta abordagem é particularmente importante para as populações mais vulneráveis, como as mulheres vivendo com HIV atendidas pelo MNCP, que sentiram fortemente a queda de renda provocada pela pandemia de COVID-19. Proporcionar o acesso próprio dessas mulheres à fonte de recursos que garantam sua segurança financeira acaba impactando positivamente na sua adesão e permanência nos processos de acompanhamento e tratamento do HIV”, acrescenta.
Fabiana Oliveira destaca que o Projeto Mulheres Empreendedoras gerou uma oportunidade para as participantes reestruturarem e reescrevem suas histórias. “As bonecas de pano têm esse “poder” de estimular a imaginação, a criatividade e ainda oferecem o aconchego de um verdadeiro abraço”, finaliza.
Para ter mais informações sobre o projeto Mulher Empreendedora, entrar em contato com o MNCP pelo e-mail [email protected].