Para jovens mulheres e meninas, para os grupos de pessoas marginalizados e vulneráveis como homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e travestis, trabalhadoras do sexo, pessoas que usam drogas, pessoas em privação de liberdade e migrantes, o caminho para a saúde não é sempre claro como deveria ser. Estigma e discriminação, leis repressivas, ignorância e até ódio impedem pessoas em vulnerabilidade de acessar a prevenção que pode salvar vidas, o tratamento e o cuidado.
Aqui é onde comunidades costumam intervir. Comunidades de pessoas vivendo com HIV, de grupos marginalizados e vulneráveis, de mulheres e jovens, lideram e apoiam a entrega de serviços de HIV para as pessoas. Eles também defendem os direitos humanos e advogam para o acesso a serviços essenciais.
Eles lutam diariamente para manter as pessoas no centro do processo de decisão e implementação e para ajudar a garantir que ninguém seja deixado para trás.
Mulheres e meninas são a espinha-dorsal dos cuidados nas suas famílias e comunidades, fornecendo trabalho não-remunerado e geralmente subestimado, ao cuidar de crianças, dos doentes, dos mais velhos e das pessoas com deficiência. Elas geralmente sustentam sistemas de apoio social frágeis. O envolvimento e a liderança de mulheres são vitais à resposta para o HIV e devemos apoiá-las para alavancar seu potencial. Serviços comunitários geralmente apoiam serviços de saúde públicos frágeis ao preencher lacunas alarmantes; eles são conduzidos por, ou conectados a, mulheres e outras populações marginalizadas; eles fornecem serviços que complementam o cuidado realizado na clínica e estendem o alcance dos cuidados em saúde à grupos que de outra forma ficariam pelo caminho.
Em uma época em que redução do financiamento é colocar a sustentabilidade de serviços para HIV em perigo, o ativismo comunitário permanece crucial. De fato, uma maior mobilização das comunidades é urgentemente necessária e as barreiras que as impedem de entregar serviços e buscar financiamento devem ser desmanteladas. Comunidades devem ter espaço e poder para expressar suas demandas e escrever suas próprias soluções.
Em 2016, líderes mundiais assinaram a Declaração Política da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Fim da AIDS, que reconheceu o papel essencial que comunidades desempenham no advocacy, na participação, na coordenação de respostas à AIDS e na entrega de serviços. Além disso, eles reconhecem que as respostas das comunidades ao HIV devem ser aumentadas e comprometidas até alcançar pelo menos 30% dos serviços liderados por comunidades até 2030.
A maioria dos países não estão nem perto de alcançar esse comprometimento, e onde o investimento em comunidades mais falta há geralmente um progresso mais fraco contra o HIV e outros desafios de saúde.
Comunidades estão prontas para desempenhar seu papel em construir sociedades mais saudáveis e resilientes, mas precisam do nosso apoio. No Dia Mundial Contra a AIDS, vamos celebrar comunidades, reconhecer o papel essencial que elas desempenham na resposta ao HIV, e nos comprometer a cumprir as promessas feitas a eles.
*Essa reportagem foi publicada originalmente no Causa Global, um website que publica informações e histórias pessoais sobre saúde, riqueza e bem-estar no mundo