Mulheres trans enfrentam injustiças no Peru

Tamara, uma mulher trans que vive em Lima, no Peru, enfrentou discriminação relacionada a sua identidade de gênero desde o ensino fundamental, quando sofreu tanto bullying que evadiu da escola. Quando tinha 18 anos, com poucas opções, começou a trabalhar nas ruas como profissional do sexo. Tamara costumava dizer que não viveria além dos 30 anos. Como poderia, perguntou desafiadora, se a sociedade a tratava como menos que humana?

Como uma profecia autorrealizável, Tamara morreu de tuberculose e doenças relacionadas à AIDS menos de um mês após o seu trigésimo aniversário. Sua morte tão precoce é tristemente comum, já que a maioria das mulheres trans na América Latina morre antes de chegar aos 35 anos. A América Latina é a região com mais homicídios de pessoas trans—quase 80% dos homicídios globais de pessoas trans ocorrem na região. E a prevalência do HIV entre mulheres trans é de cerca de 38%—as mulheres trans têm 50% mais chances de se infectarem por HIV do que a população em geral, de acordo com um estudo recente do Jornal da Sociedade Internacional sobre AIDS.

As violações de direitos humanos cometidas contra mulheres trans em toda a América Latina são o resultado de forças da sociedade. A cultura altamente machista, conservadora e transfóbica da região ostraciza e estigmatiza as pessoas trans, representando uma séria ameaça à sua saúde, segurança, expectativa de vida e perspectivas de emprego. Com poucas opções ou apoio, muitos se envolvem em trabalho sexual. Como profissionais do sexo sem proteções legais, correm maior risco de violência e abuso sexual e de drogas. A maioria tem pouco acesso aos serviços de saúde. Sem reconhecimento, muitos casos de violência e assassinato não são documentados.

A fotojornalista Danielle Villasana documentou uma comunidade de mulheres trans em Lima nos últimos anos, fotografando as realidades terríveis enfrentadas por elas, como complicações relacionadas ao HIV, abuso da polícia, parceiros e clientes e mortes. “Como a maioria dos governos na América Latina e no mundo não protege as mulheres trans, estou determinada a mostrar como essas injustiças, em grande parte ignoradas, frequentemente levam a consequências fatais”, ela disse.

Como resultado, Villasana lançou uma campanha na plataforma Kickstarter para publicar essas histórias importantes como um livro de fotos bilíngue. O objetivo é aumentar a conscientização entre a polícia, instituições médicas e legisladores—setores que, segundo ela, ignoram o abuso contra as mulheres trans por causa do preconceito institucional e da falta de compreensão. Você pode apoiar e saber mais sobre o projeto em: http://bit.ly/a-light-inside.

Desde jovens, as pessoas trans enfrentam estigma, discriminação e rejeição social em suas casas e comunidades. Tal discriminação, violência e criminalização impedem as pessoas trans de obter os serviços de HIV que precisam para se manterem saudáveis. O UNAIDS está trabalhando em conjunto com governos, parceiros e comunidades de pessoas trans para aumentar o acesso das pessoas trans aos serviços de saúde.

Fotos: Danielle Villasana

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