O Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde organizou hoje (28/03) uma consulta nacional para a elaboração da contribuição brasileira ao Monitoramento Global da AIDS (GAM) 2017. A consulta, realizada na sede do DIAHV em Brasília, tem o objetivo de reunir informaçõese análises sobre a resposta brasileira à AIDS. O GAM, que compila contribuições de 193 países, é uma ferramenta de monitoramento que possibilita acompanhamento dos avanços e desafios da resposta global à epidemia de AIDS.
A reunião contou com a participação de representantes e técnicos do DIAHV e de outras áreas do Ministério da Saúde e de representantes de organismos internacionais, das Nações Unidas no Brasil, da academia, de coordenações municipais e estaduais de HIV/AIDS, de organizações da sociedade civil e de redes de pessoas vivendo com HIV/AIDS e de pessoas trans.
No parágrafo 76 da Declaração Política de 2016, os países concordaram em “(…) apresentar à Assembleia Geral, dentro de suas revisões anuais, um relatório anual sobre os progressos alcançados na realização dos compromissos assumidos na presente Declaração (…).” Em 2017, espera-se que os países avaliem suas realizações em relação às metas estabelecidas em 2016. Os dados reportados, que reúnem informações sobre indicadores estruturais, sociais e econômicos, serão fundamentais para a construção dos relatórios globais do UNAIDS, da OMS e do UNICEF em 2017.
O relatório deste ano é um marco de um novo período da resposta à AIDS: é o primeiro após a transição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e também o primeiro dos relatórios de monitoramento do HIV para o período de 2016-2021, contemplado pela Estratégia do UNAIDS.
“Gostaria de agradecer o esforço de todos aqui reunidos para a elaboração do GAM. É um dos relatórios globais mais preenchidos no mundo. Temos que agradecer o compromisso do Brasil, porque o país empenha um esforço muito grande no preenchimento e na realização dessa consulta”, disse a Diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, durante o encontro. “O Brasil tem uma liderança na área do HIV e esse é um momento importante de poder olhar com atenção para o país.”
Alinhado à nova Declaração Política e à Estratégia do UNAIDS 2016-2021, o GAM marca também o fim do antigo Relatório de Progresso da Resposta Global à AIDS de 2016 (conhecido pela sigla em inglês GARPR – Global AIDS Response Progress Report). Esse relatório e seu conjunto de indicadores utilizados em anos anteriores foi revisado com a intenção de reduzir o volume de informação fornecida pelos países e de tornar os indicadores mais relevantes para a resposta global à AIDS nos dias atuais e para os compromissos assumidos na Declaração Política de 2016. Os novos indicadores são orientados pelos 10 compromissos da Declaração Política e são harmonizados com os relatórios sobre as metas 90-90-90 e sobre a cascata de tratamento.
“É uma oportunidade de a gente ter uma discussão em nível global. É um momento privilegiado, mas não deveria ser o único. É um convite para o fazermos com que essa discussão continue acontecendo regularmente, pois precisamos desse apoio”, disse Georgiana em sua apresentação ao grupo.
Durante a abertura do encontro, a Diretora do DIAHV, Adele Benzaken, falou sobre o processo de aprimoramento do Spectrum, o programa de computador utilizado para produzir as estimativas finais sobre HIV nos relatórios do UNAIDS, e sua adequação aos cenários de epidemia generalizada e concentrada. “Eu acho que o fato de terem quantificado o Spectrum para se adaptar a esta realidade de epidemia concentrada (como a do Brasil) deu uma melhorada na forma de se trabalhar alguns dados brasileiros”, explicou a Diretora do DIAHV. “A grande maioria das perguntas são voltadas para epidemias generalizadas, e não para concentradas, como é o caso do Brasil. Então ainda há alguns problemas com relação a taxas e números, mas acho que pouco a pouco ele vai se adaptando. Esse relatório tem bastante peso, pois tem uma parte (do relatório) em que toda a sociedade civil, aqui representada, precisa responder.”
Os dados coletados pelo GAM serão publicados ainda em 2017, no mês de julho. Este ano, os países terão a opção de especificar na ferramenta on-line do Monitoramento Global da AIDS quais dados para determinados indicadores podem ser extraídos diretamente de seu arquivo final do Spectrum, não exigindo que eles sejam reinseridos na ferramenta do GAM. Para conhecer mais sobre como as estimativa de HIV do UNAIDS são calculadas, clique aqui.
Durante a consulta para o GAM foi apresentado também o trabalho a ser realizado para a publicação do relatório Prevención del VIH bajo la Lupa en América Latina y el Caribe (Prevenção do HIV sob a Lupa na América Latina e o Caribe). Coordenado pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) em parceria com o UNAIDS o relatório tem o objetivo de contribuir para a aceleração do progresso na redução de novas infecções pelo HIV na região.
Este relatório deve conter o resultado da análise dos elementos prioritários da prevenção combinada a partir da perspectiva do setor da saúde. As participações da sociedade civil e de pessoas vivendo com HIV e outros parceiros serão asseguradas durante todo o processo, para apoiar os países na região rumo às metas de prevenção e tratamento. O produto deste processo será uma contribuição importante para a próxima reunião da Prevention Coalition HIV, a ser realizada maio de 2017.
“Os processos do GAM e do La Lupa são paralelos”, afirmou Georgiana. Enquanto o GAM é um relatório global, o La Lupa, apoiado pelo UNAIDS, é um processo de monitoramento da OPAS/OMS para toda a América Latina e Caribe que reúne informações sobre IST, HIV e hepatites virais. A edição do La Lupa de 2017 terá seu foco voltado para a prevenção na região.