Quatorze trilhões e duzentos milhões de litros. Essa foi a quantidade de água recebida pelo Rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre os dias 1º e 7 de maio de 2024.
Os dados são do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
As inundações impactaram 458 municípios, o que representa mais de 90% das cidades do estado, prejudicando mais de 2 milhões de pessoas. As enchentes afetaram toda a estrutura urbana das cidades, aumentar a insegurança alimentar e causar o fechamento e limitação aos serviços de saúde – fatores que impactam diretamente a adesão ao tratamento antirretroviral das pessoas que vivem com HIV. Em Porto Alegre, de acordo com a prefeitura, 31 unidades de saúde tiveram suas estruturas comprometidas.
Para apoiar essa população, o UNAIDS deu suporte a organizações da sociedade civil para ampliar a assistência a partir de um Projeto Emergencial, que aconteceu na cidade de Porto Alegre – segundo dados da prefeitura municipal, estimou-se que em maio cerca de 14 mil pessoas estavam desabrigadas e em atendimento em abrigos emergenciais.
O projeto, que está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 03, 05, 10 e 17, destinou recursos para o fortalecimento de ações em 15 abrigos da cidade, atuando na busca ativa de pessoas LGBTQIA+ e pessoas vivendo com HIV e AIDS (PVHA) e dialogou com as equipes desses locais para qualificar o atendimento nos temas de gênero, sexualidade e HIV e AIDS.
Aprovado no Edital Fast-track Cities, o projeto “Baile Vermelho: cuidado de si e promoção da saúde entre a comunidade Ballroom de Porto Alegre”, proposto pela ONG Somos, precisou ser reformulado para atividades de emergência relacionadas à crise climática. O projeto previa ações de cuidado para a comunidade ballroom e foi adaptado para promover atendimento psicossocial para LGBTI+ e Pessoas vivendo com HIVAIDS.
A ONG Casa Fonte Colombo também esteve presente nas ações direcionadas à população de Porto Alegre. Com apoio do UNAIDS, a ONG, por meio do projeto “Reconstruir Vidas e Sonhos”, visou a ajuda às famílias atingidas pela enchente de maio.
As ações foram direcionadas em dois eixos: ajuda psicológica para que famílias pudessem lidar com a situação vivenciada pelas enchentes; e colaborar com as famílias desabrigadas na reorganização das suas casas, assim como assistência alimentar visando o restabelecimento à retina familiar sem descuidar da adesão e continuidade do tratamento para o HIV.
Em novembro, na COP29, o UNAIDS e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertaram que as mudanças climáticas podem interromper os serviços de HIV e aumentar os riscos de infecção para algumas das populações mais vulneráveis.
O relatório “A Crise Climática e o HIV: Um Resumo de Políticas do PNUD e UNAIDS” mostra que as conquistas em relação à estrutura de serviços não são permanentes e que as emergências climáticas podem fragilizar o progresso em relação à redução das novas infecções por HIV e mortes relacionadas à AIDS.
Coordenado pelo UNAIDS e com apoio do Ministério da Saúde, o projeto “Apoio emergencial em atendimento psicossocial para LGBTI+ e PVHA no contexto das inundações em Porto Alegre” foi contemplado pelo Edital Fast-Track Cities, que financia projetos realizados por Organizações da Sociedade Civil (OSC) que atuam na resposta ao HIV em cidades selecionadas como prioritárias de acordo com dados do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2023.
Abaixo está o vídeo gravado durante a realização das ações em Porto Alegre.