No último domingo (01), o UNAIDS, em parceria com o Grindr, iniciou inserções no aplicativo de relacionamento, incentivando a participação das pessoas usuárias da plataforma na pesquisa Índice de Estigma (Stigma Index, em tradução para o inglês).
Residentes das cidades de Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo que usam o aplicativo receberão, a cada três semanas até 30 de outubro, um popup que, quando clicado, as direcionará para um formulário de inscrição que, uma vez preenchido, possibilitará que as pessoas que irão conduzir as entrevistas entrem em contato para a execução das perguntas que irão gerar dados sobre estigma e discriminação no Brasil.
Embora o Índice de Estigma não seja direcionado especificamente à população LGBTQIA+, dados nacionais mostram que esta comunidade é constantemente vítima de discriminação e preconceito e, em muitos casos, de violência.
George Arison, CEO do Grindr, em recente entrevista, disse que o Brasil é um dos “10 principais mercados” da plataforma. Sendo assim, é importante utilizar o alcance que o aplicativo de relacionamento tem na comunidade LGBTQIA+ para conseguirmos gerar dados que podem aprimorar políticas que reduzam estigmas e preconceitos.
“O Grindr tem orgulho de apoiar o Índice de Estigma das Pessoas Vivendo com HIV (PLHIV), uma ferramenta vital que capacita indivíduos vivendo com HIV a liderar a luta contra o estigma”, afirma Steph Niaupari, que lidera a iniciativa de impacto social do Grindr, o Grindr for Equality. “Ao centralizar suas vozes no processo, esta iniciativa gera dados cruciais para impulsionar a defesa e criar espaços mais seguros e inclusivos para a comunidade LGBTQ+”, finaliza.
“A parceria com o Grindr no incentivo à participação da comunidade LGBTQIA+ no Índice de Estigma é bem-vinda, uma vez que o aplicativo tem políticas de informações sobre HIV, testagem e métodos de prevenção combinada ao HIV, como a PrEP”, diz Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil. “É também uma forma de aproximar a comunidade LGBTQIA+ de diversas partes do país a outros conteúdos e projetos do UNAIDS que visam mitigar o estigma e a discriminação em relação às pessoas que vivem com HIV”, finaliza.
Em 2019, a média de tempo que as pessoas tinham conhecimento da sorologia positiva para o HIV foi de 10,6 anos. À época da pesquisa anterior, 50,3% das pessoas respondentes disseram ter uma relação afetiva e/ou sexual com alguém, enquanto para 49,7% não tinham o mesmo tipo de relação.
Sobre a decisão de testagem para o HIV, 13% das pessoas respondentes afirmaram que foram testadas sem conhecimento e só descobriram após o teste ter sido feito; 9% foram pressionadas por outras pessoas a realizar o teste; 2% foram forçadas a fazer o teste sem seu consentimento.
Abaixo, outros dados da primeira pesquisa do Índice de Estigma 2019.
A segunda edição do Estigma Índice no Brasil possibilitará pela primeira vez que seja analisado um marco comparativo dos dados para que se possa entender onde houve avanços e onde se precisa trabalhar para melhorar os indicadores.
É uma ferramenta utilizada para detectar e medir a mudança de tendências em relação ao estigma e à discriminação relacionados ao HIV, a partir da perspectiva das pessoas vivendo com HIV e AIDS. Os países descrevem como o Índice de Estigma foi implementado, apresentam os resultados, tiram conclusões e fornecem recomendações baseadas em evidências sobre o estigma e a discriminação relacionados ao HIV vivenciados por pessoas que vivem com HIV.
No Brasil, o Índice de Estigma é executado pela Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+), Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJVHA), Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), Rede Nacional de Travestis e Transexuais Vivendo com HIV/AIDS (RNTTHP) e a Articulação Nacional de Luta Contra a AIDS (ANAIDS), coordenado pela ONG Gestos e tem o apoio do UNAIDS, Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O UNAIDS reforça que a pesquisa é feita por pessoas que vivem com HIV e direcionada a pessoas que vivem com HIV, independentemente da orientação sexual e identidade de gênero. Quer fazer parte da pesquisa? Acesse o formulário na página do Índice de Estigma.
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