Por ocasião do Dia Mundial da AIDS 2021, o UNAIDS, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e parcerias se reuniram em um evento especial em Genebra, Suíça, para destacar a necessidade urgente de acabar com as desigualdades econômicas, sociais, culturais e jurídicas que impulsionam a pandemia de AIDS e outras pandemias ao redor do mundo.
“Estamos lançando uma advertência urgente. Somente avançando rapidamente para acabar com as desigualdades que impulsionam a pandemia da AIDS poderemos superá-la”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS. “As lideranças mundiais devem trabalhar juntas com urgência para enfrentar os desafios. Peço a vocês: tenham coragem em fazer corresponder as palavras aos atos. É inaceitável que a cada minuto que passa, nós perdemos uma vida preciosa para a AIDS. Não temos tempo a perder.”
O mundo está longe de cumprir o compromisso compartilhado de acabar com a AIDS até 2030. Em 2020, havia 37,7 milhões de pessoas vivendo com HIV, 1,5 milhão de novas infecções por HIV e 680 mil mortes relacionadas à AIDS. Cerca de 65% das infecções por HIV em todo o mundo estavam entre populações-chave, incluindo profissionais do sexo e clientes, gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas usuárias de drogas e pessoas trans e suas parcerias sexuais.
“Mesmo antes da pandemia da COVID-19, muitas das populações mais expostas a riscos não estavam sendo acessadas por testes de HIV, prevenção e serviços de atendimento”, disse Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.
“A pandemia piorou as coisas, com a interrupção dos serviços essenciais de saúde e o aumento da vulnerabilidade das pessoas com HIV à COVID-19. Como a COVID-19, temos todas as ferramentas para acabar com a epidemia de AIDS, se as usarmos bem”
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS
Se o mundo não combater a discriminação e as desigualdades, o UNAIDS e a OMS lembram que na próxima década poderão ocorrer 7,7 milhões de mortes relacionadas à AIDS.
Um vídeo poderoso narrado pelo Príncipe Harry, o Duque de Sussex, e por Winnie Byanyima foi exibido no evento demonstrando os paralelos perturbadores entre o acesso ao tratamento do HIV e o acesso às vacinas de COVID-19.
Entre 1997 e 2006, estima-se que 12 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS em países de baixa e média renda, já que o preço dos medicamentos as deixou fora do alcance de muitos dos países mais afetados pelo HIV. Atualmente, 10 milhões de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso aos medicamentos para o HIV que salvam vidas. O Príncipe Harry pediu ao mundo para aprender com a história da AIDS e superar o acesso desigual às vacinas da COVID-19 e garantir que novos medicamentos e tecnologias contra o HIV estejam disponíveis para todas as pessoas.
Uma carta do Príncipe Harry destinada à OMS e ao UNAIDS, foi apresentada e lembrou os 40 anos da AIDS e expressou sua gratidão pelo trabalho realizado até o momento. Na carta, ele enfatizou a necessidade da equidade da vacina da COVID-19, extraída das lições aprendidas com o HIV.
Palestrantes destacaram o impacto do HIV em pessoas jovens. “Jovens continuam a passar por situações estigmatizantes, especialmente quem pertence a populações-chave, e as desigualdades continuam a comprometer a qualidade de nossas vidas”, disse Joyce Ouma, da Rede Global de Jovens Vivendo com HIV.
“Jovens são o futuro das nações e a pedra angular da resposta global à AIDS”, disse Anutin Charnvirakul, vice-primeiro ministro e ministro da Saúde Pública, Tailândia. “A erradicação de todos os tipos de estigma deve ser nosso compromisso global total com ação imediata”.
Durante o evento, participantes comemoraram a vida das 36 milhões de pessoas que morreram de AIDS desde o início da pandemia e destacaram a necessidade urgente de fazer mais pelas pessoas mais afetadas pelo HIV.
A embaixadora da Namíbia, Julia Imene-Chanduru, representando a presidente da Junta de Coordenação de Programa do UNAIDS, disse: “A AIDS continua sendo uma emergência que não devemos esquecer em nossa resposta à COVID-19”.
Discursantes aconselharam todos os países, parcerias e sociedade civil a ousarem levar adiante o compromisso assumido na Declaração Política sobre AIDS adotada na Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre AIDS de 2021 e na Estratégia Global sobre AIDS 2021-2026: Acabar com as Desigualdades, Acabar com a AIDS, ambas tendo como núcleo o fim das desigualdades.
“Podemos ver a importância da estratégia do UNAIDS, com ênfase no fim das desigualdades”, disse Stephanie Seydoux, embaixadora da França para a Saúde Global. “Isto é o que nos permite progredir na luta contra esta pandemia e garantir a saúde para todas as pessoas”.
“Nós sabemos como vencer a AIDS e sabemos como vencer as pandemias”, acrescentou Winnie Byanyima. “As políticas para enfrentar as desigualdades que impedem o progresso podem ser implementadas, mas elas exigem que as lideranças se mobilizem e sejam ousadas”.