O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) saúda a decisão do Ministério da Saúde, em nota publicada neste dia 30 de março, de incluir todas as pessoas adultas entre 18 e 59 anos que vivem com HIV/AIDS como grupo prioritário para o Programa Nacional de Imunização (PNI) contra a COVID-19.
Antes dessa atualização, o PNI incluía nos grupos prioritários apenas as pessoas que vivem com HIV e que registravam a contagem menor que 350 de linfócitos T CD4+ (que têm o papel importante de estabelecer e maximizar as capacidades de defesa do sistema imunológico). Com a decisão, as pessoas que vivem com HIV/AIDS com idade entre 18 e 59 anos foram incluídas no grupo de pessoas com comorbidades (doenças que favorecem o agravamento da Covid-19).
Antes deste grupo estão pessoas com deficiência institucionalizada, povos indígenas vivendo em terras indígenas, trabalhadores da saúde, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas, povos e comunidades tradicionais quilombolas e grupos de idosos acima de 60 anos. Pessoas que vivem com HIV/AIDS e tem mais de 59 anos não foram incluídas nesse grupo por já estarem contempladas na lista de prioridade por idade.
Para o UNAIDS Brasil, a inclusão das pessoas que vivem com HIV/AIDS entre os grupos prioritários é uma decisão muito significativa tanto para a resposta à pandemia de COVID-19 quanto para a de AIDS. “Apesar de o Brasil oferecer acesso universal a prevenção, tratamento e cuidados para HIV, muitas pessoas que vivem com HIV/AIDS continuam sendo empurradas à margem da sociedade pelas inúmeras vulnerabilidades que acumulam, em especial pelo estigma e a discriminação”, disse Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil. “Com a COVID-19, muitas delas perderam empregos, moradia e a possibilidade de se alimentarem. Priorizar as pessoas que vivem com HIV para a vacinação é uma forma de protegê-las e de proteger o progresso acumulado até agora na resposta ao HIV.”
Na nota, o Ministério da Saúde afirma que a atualização busca “reduzir o impacto da pandemia nesse grupo, especialmente em relação ao risco de hospitalização e óbito”.
As vacinas contra a COVID-19 são seguras para a maioria da população, incluindo as pessoas que vivem com o HIV. Portanto, não existe nenhuma razão para que as pessoas que vivem com HIV recusem a oferta da vacinação quando ela estiver disponível. Em documento publicado recentemente, o UNAIDS reforça a importância e os benefícios da vacinação e pede que as pessoas que vivem com HIV mantenham sua adesão à terapia antirretroviral eficaz. “Até mesmo depois da vacinação, as pessoas que vivem com HIV devem seguir respeitando as medidas de prevenção para que se protejam do Sars-Cov-2 e protejam as pessoas ao seu redor”, diz o documento.
Vacinação
As pessoas que vivem com HIV e AIDS terão os dados incluídos de forma automática no pré-cadastro do Conecte-SUS, aplicativo no Ministério da Saúde para que a população gerencie consultas, exames, medicamentos e vacinas. Também será possível comprovar que faz parte do grupo prioritário apresentando exames, receitas de antirretrovirais ou relatórios médicos.
COVID-19 no Brasil
O Brasil está no momento mais delicado em relação à COVID-19 desde o início da pandemia, em março de 2020. Até agora o país soma 310 mil mortes e apresenta uma taxa de 149 mortes para cada 100 mil pessoas no país.
Em entrevista recente concedida à CNN Brasil, Marlova Noleto, coordenadora residente a.i. do Sistema Nações Unidas no Brasil, informou que as Nações Unidas estão trabalhando de forma conjunta com o governo federal, estados, municípios e setor privado e destacou que as medidas restritivas precisam ser respeitadas. Nesta quarta-feira, a ONU Brasil lançou uma campanha que destaca importância de medidas de prevenção à COVID-19 durante feriados.