O Dia de Zero Discriminação deste ano é especialmente angustiante.
No início, foi dito que os vírus não discriminavam. Mas como testemunhamos novamente, as crises, e as sociedades, sim, discriminam.
A COVID-19 ampliou as falhas da sociedade. Levou comunidades marginalizadas, que já estavam no limite, a sofrer o mais duro golpe econômico, a ficarem presas no fim da linha para serviços essenciais e a serem responsabilizadas pela a crise.
No entanto, a crise também levou as comunidades mais excluídas serem, mais uma vez, as primeiras a darem o seu primeiro passo para ajudar—enraizadas na sua experiência, na sua empatia e na sua insistência em que a saúde e a recuperação são possíveis para todas as pessoas.
O UNAIDS junta-se às comunidades em todo o mundo para exigir igualdade. Nós declaramos “não” para todas desigualdades—seja por causa do gênero, renda, raça, deficiência, orientação sexual, etnia e religião. Tais desigualdades distorcem a sociedade e minam a justiça e a dignidade.
Exigimos o fim da discriminação, estigmatização e criminalização.
Desafiamos todas as instituições e todas as pessoas de influência a não só serem não-discriminatórias, mas também a serem anti-discriminatórias.
A discriminação mata. Agrava as crises e propaga as pandemias.
O mundo está fora do caminho para acabar com a AIDS até 2030, não por falta de conhecimento, capacidade ou meios, mas devido a desigualdades estruturais que se interpõem no caminho. Por exemplo, as pesquisas mostram que as leis punitivas relativas à orientação sexual duplicam a probabilidade de adquirir o HIV para gays e outros homens que fazem sexo com homens. A revogação de tais leis é fundamental para vencer a pandemia do HIV.
Assim também, a discriminação contra migrantes e outras populações excluídas e estigmatizadas está a limitando seu acesso a testes, tratamento e apoio à COVID-19. Isso prejudica todo o mundo.
Estamos a vendo a discriminação que assusta os nossos países acontecerem também a nível internacional. À medida que novas vacinas contra a COVID-19 foram se tornando disponíveis, a injustiça tem se tornado mais forte. Apenas 10 países administraram mais de 75% de todas as vacinas contra a COVID-19, enquanto mais de 130 países não receberam uma única dose. A África do Sul chamou a situação de “apartheid” da vacina. Como disse o Secretário-Geral das Nações Unidas, “a equidade da vacina é, em última análise, uma questão de direitos humanos… O nacionalismo da vacina nega”. Em todo o mundo, e em todos os países, devemos valorizar cada pessoa como igualmente preciosa.
Acabar com as desigualdades fará avançarem os direitos humanos de todas as pessoas, tornará as sociedades mais preparadas para vencer a COVID-19 e futuras pandemias e apoiará a recuperação econômica e a estabilidade.
Precisamos de assegurar o direito à saúde para todas as pessoas através de cuidados de saúde prestados e financiados publicamente—e fornecê-los respeitosamente a todas as pessoas, sem restrição ou julgamentos.
Todos e todas nós precisamos chamar a atenção para a discriminação onde quer que a vejamos, e contribuir para dar o exemplo.
Um mundo mais saudável, mais seguro, mais igual e próspero depende disso.
Estou inspirada pela liderança demonstrada pelas comunidades que enfrentam a discriminação. A sua determinação, coragem e visão são a nossa luz orientadora. As Nações Unidas estão ao lado, como uma forte aliada em prol da igualdade.
Acabar com as desigualdades. Exigir zero discriminação.
Winnie Byanyima
Diretora Executiva do UNAIDS
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