A diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima participou da marcha “Black Lives Matter” que ocorreu em Genebra, na Suíça, no dia 9 de junho. Logo após sua participação, gravou um discurso para toda a equipe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, reforçando a importância de colocarmos o discurso antirracista em prática e vivermos, de fato, dentro do princípio de igualdade defendido pela ONU.
Para legendas em português, ative o CC (closed caption) no Youtube, ou confira abaixo seu discurso na íntegra.
“Olá colegas do UNAIDS!
Ontem (9/6), eu me uni a 10.000 pessoas de todas as raças em uma marcha em Genebra (Suíça) para reiterar que “Vidas Negras Importam” (Black Lives Matter). Como uma mulher africana – uma mãe negra -, meu coração está com a família de George Floyd, e especialmente com sua filha Gianna. Eu estou em luto com eles.
Eu saúdo a coragem de todas as pessoas em todo o mundo que se levantaram para insistir que as “Vidas Negras Importam!”
E presto homenagem especial aos jovens que lideram movimentos contra o racismo em todo o mundo. Muitas pessoas estão se mobilizando e insistindo
que enfrentemos tanto a brutalidade policial quanto o que o reverendo William Barber chamou de a “violência de política”.
Homens negros não conseguem respirar quando a polícia está no pescoço deles. E os pessoas negras não conseguem respirar quando os cuidados de saúde lhes são negados, quando elas são empurradas para os salários mais baixos, para os empregos mais vulneráveis e mais perigosos, quando uma educação de qualidade lhes é negada ou quando são tratadas como perigosas enquanto estão apenas andando pelas ruas.
A justiça nunca é dada. Ela sempre é conquistada.
Como Martin Luther King nos disse: “A mudança não chega pelas rodas da
inevitabilidade, mas vem através de luta contínua. E por isso, devemos lutar.”
Como representante do movimento global de pessoas afetadas pelo HIV e pela AIDS, movido pelo ativismo de base, quero que as pessoas de ascendência africana, as pessoas negras em toda parte, saibam que vocês têm a nossa solidariedade.
Nenhuma opressão é igual, mas há uma solidariedade entre os oprimidos. A marginalização e estigmatização de pessoas com HIV custam milhões de vidas. Pessoas vivendo com HIV e vulneráveis ao vírus têm que defender seus direitos para salvar suas vidas.
É por isso que nós, do movimento de HIV, somos solidários e solidárias com todas aquelas pessoas que enfrentam racismo, discriminação e estigmatização.
Como representante das Nações Unidas e dentro da minha área de responsabilidade, comprometo-me a combater o racismo na minha instituição. Estou, portanto, pedindo a todas as lideranças do UNAIDS que abram uma discussão com membros da sua equipe. Quero que vocês determinem o que precisamos fazer de diferente para desafiar atitudes e ações racistas.
Não basta dizer que não é racista. Devemos ser antirracistas.
Por fim, eu também peço a vocês, meus colegas, que me desafiem a fazer mais. Vamos colocar nossso discurso em prática. Vamos viver, de fato, o valor de igualdade da ONU.”