Restrições de movimento, isolamento físico e aumento das pressões socioeconômicas em todo o mundo levaram a um aumento da violência contra mulheres e meninas desde o início da pandemia de COVID-19. Como afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, “a paz não é apenas a ausência de guerra. Muitas mulheres em quarentena, por conta da COVID-19, enfrentam violência onde deveriam estar mais seguras: em suas casas. ”
Mesmo antes do surto de COVID-19, ao menos uma em cada três mulheres e meninas já tinha sofrido violência física e/ou sexual, uma das violações dos direitos humanos mais comuns no mundo. Em áreas com alta prevalência de HIV, verificou-se que a violência por parceiro íntimo aumenta em 50% o risco de mulheres adquirirem o HIV. O fim da violência contra mulheres e meninas deve ser uma prioridade em todos os lugares.
As Nações Unidas pediram que os governos dediquem financiamento nos planos nacionais de resposta à COVID-19 para abrigos de proteção contra violência doméstica, um suporte maior às linhas telefônicas de apoio, incluindo serviços de texto – para que as denúncias de abuso possam ocorrer discretamente–, suporte jurídico on-line e serviços psicossociais para mulheres e meninas.
Como o UNAIDS bem conhece, esses serviços geralmente são administrados por organizações da sociedade civil e redes lideradas pela comunidade, que agora, mais do que nunca, precisam de apoio financeiro. Por fim, os abrigos devem ser considerados serviços essenciais e mantidos abertos, da mesma forma que as farmácias e as lojas de alimentos.
Quando centenas de milhões de mulheres e meninas continuam sujeitas a abuso e violência, isso tem um custo enorme para elas e para suas famílias, comunidades, sociedades e para o desenvolvimento econômico.
“Precisamos quebrar esse ciclo vicioso de violência, abuso e desigualdade”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS, em recente artigo de opinião. Ela acrescentou que não pode haver impunidade, que as sobreviventes devem ser ouvidas e a justiça deve ser feita.