A epidemia do HIV ainda tem um impacto humanitário profundo na saúde pública da África Ocidental e Central, regiões que podem ficar para trás na resposta global ao fim da epidemia de AIDS. Em julho de 2017, a União Africana endossou um plano de recuperação regional para a África Ocidental e Central, que procura ampliar rapidamente o acesso ao tratamento de HIV e fechar a lacuna entre as regiões africanas. Planos nacionais de recuperação foram estabelecidos em 18 países da África Ocidental e Central, inclusive na Libéria.
Estima-se que, em 2017, 40.000 pessoas viviam com HIV na Libéria, incluindo cerca de 3.000 crianças com idades entre 0 e 14 anos. Menos de um em cada três adultos (entre 15 e 49 anos) que vivem com HIV têm acesso a medicamentos antirretrovirais. Para as crianças, a situação é ainda mais desafiadora, com apenas 18% em tratamento.
No entanto, há sinais encorajadores de que a Libéria está ampliando sua resposta à epidemia de HIV e adotando programas e políticas com as melhores práticas para assegurar a entrega e vinculação de testes de HIV, tratamento e serviços de prevenção. Sob liderança do Ministério da Saúde e da Comissão Nacional de AIDS da Libéria, foi desenvolvido um Plano de Aceleração da Resposta para 2019-2020, que identifica programas de alto impacto para acelerar a resposta e a necessidade urgente de ajustes nos programas existentes, assim como as barreiras que devem ser removidas para garantir uma melhor prestação de serviços. O Plano também reconhece que as medidas de prevenção devem ser reforçadas e que o estigma e a discriminação associados ao vírus devem ser eliminados.
O Plano de Recuperação da Libéria procura triplicar os números de testagem e tratamento do país, de maneira que as pessoas que recebem o resultado positivo para o teste de HIV sejam imediatamente encaminhadas para tratamento. O Plano de Recuperação é guiado por uma abordagem de localização da população, com foco na prestação de serviços para as três províncias com mais necessidade de serviços de testagem, tratamento e cuidados de HIV, áreas urbanas e alguns outros locais. Os serviços são direcionados para adultos entre 15 e 49 anos, especialmente para mulheres grávidas e populações-chave, como homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas privadas de liberdade e pessoas que trabalham em minas. Bebês expostos ao vírus durante a gravidez e amamentação também são uma prioridade. O plano também visa combater a baixa vinculação de homens nos serviços.
“Estamos planejando intervenções que incentivem mais homens a fazer o teste e conhecer seu estado sorológico para o HIV. Das pessoas testadas até agora, 80% são mulheres”, disse Theodosia Kolle, Diretora da Comissão Nacional de AIDS da Libéria. “O estigma continua sendo uma questão importante na Libéria.”
O UNAIDS desempenhou um papel significativo ao ajudar a redigir o plano de recuperação, mobilizando o envolvimento das partes interessadas e garantindo que pessoas que vivem com HIV, sociedade civil e membros de populações-chave fossem incluídas na elaboração do plano. Cerca de 70 pessoas participaram de um workshop especial de dois dias em março para elaborar as medidas políticas e programáticas necessárias para melhorar a prestação de serviços, aumentar a mobilização da comunidade, aumentar o financiamento, permitir o uso mais eficiente dos recursos existentes e de um sistema aprimorado de monitoramento e avaliação.
O workshop também foi uma oportunidade para validar o relatório do Monitoramento Global da AIDS (GAM) de 2019 na Libéria. O GAM é a mais extensa coleta de dados sobre epidemiologia, cobertura de programas e recursos em HIV, e publica as informações mais confiáveis e atualizadas sobre a epidemia de HIV—essencial para uma resposta efetiva à AIDS.
“Com o trabalho em equipe, podemos alcançar as Metas de Aceleração da Resposta até 2020, se priorizarmos e implementarmos programas de alto impacto”, disse Miriam Chipimo, Diretora do UNAIDS para a Libéria.
As metas 90-90-90 fazem parte da Aceleração da Resposta ao HIV e estipulam que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% destas pessoas tenham carga viral indetectável.