A Coalizão Global com mais de 80 organizações de jovens que trabalham com o HIV (PACT, na sigla em inglês) e o Youth Voices Count (YVC) lançaram uma pesquisa para identificar o que os jovens sabem sobre saúde sexual e reprodutiva.Responderam à pesquisa U-Report 270.000 jovens entre 10 e 24 anos, de 21 países.
Mais da metade deles (54% meninos e homens jovens e 58% meninas e mulheres jovens) disseram ter buscado serviços de HIV e outros serviços de saúde em um centro de saúde ou clínica, nos últimos três meses. Cerca de 36% dos jovens entre 10 e 24 anos que não buscaram serviços relataram que se sentem desconfortáveis em ir a um centro de saúde ou clínica; e mais de 28% dos pesquisados—de ambos os sexos— disseram que sentiam medo de procurar pelos serviços de saúde.
A pesquisa teve o apoio de UNAIDS, UNICEF e UNFPA, e foi complementada por um estudo aprofundado e entrevistas conduzidas pela YVC, que mostrou que aproximadamente 15% daqueles que acessaram qualquer serviço de saúde sexual nos últimos 6 meses sofreram recusa ou maus-tratos por causa da idade, orientação sexual, identidade de gênero ou estado sorológico para HIV.
Entre os que se sentiram maltratados por causa da idade, 55% identificaram-se como gays e bissexuais, e 25% se identificaram como pessoa vivendo com HIV. Além disso, 32% dos jovens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, e 50% dos jovens trans, acham que foram discriminados por causa de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Por fim, 16% dos jovens que se identificaram como vivendo com HIV disseram ter sido maltratados por causa de sua sorologia positiva.
Embora os serviços de saúde devam ser espaços seguros para aqueles que procuram cuidados, este não é o caso. As políticas e atitudes continuam a ser barreiras para os serviços de HIV e de saúde sexual e reprodutiva voltados para os jovens. De fato, 37% dos entrevistados que relataram ter visitado uma clínica não estavam dispostos a recomendá-la aos seus pares.
O tema deste ano para o Dia Internacional da Juventude é Espaços Seguros para a Juventude, destacando a necessidade de união entre os jovens que buscam espaços seguros, para participarem nos processos de tomada de decisão e se expressarem livremente. Isso inclui os serviços de saúde, que devem ser locais de proteção e refúgio, livres de estigma, maus-tratos e violência.
Todos os dias, ocorrem aproximadamente 1.600 novas infecções por HIV entre jovens, enquanto um jovem morre de complicações relacionadas à AIDS a cada 10 minutos. Mulheres jovens entre 15 e 24 anos são particularmente mais afetadas.
Na África Subsaariana, as mulheres jovens têm duas vezes mais chances de serem infectadas pelo HIV do que os homens. E, em todo o mundo, jovens de populações-chave (incluindo homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, bissexuais, transexuais, jovens profissionais do sexo e jovens que usam drogas injetáveis) correm um alto risco de contrair o HIV devido a violações de direitos, discriminação, exclusão, criminalização e violência.
Dos jovens vivendo com HIV em todo o mundo, a maioria não conhece seu estado sorológico para o HIV.
CITAÇÕES
“Embora tenhamos as ferramentas mais avançadas para acabar com a AIDS, incluindo tratamento antirretroviral, PeP (profilaxia pós-exposição), PrEP (profilaxia pré-exposição), autoteste de HIV, entre outros, ainda enfrentamos um enorme desafio para acabar com a AIDS entre adolescentes e jovens. A resposta ao HIV não é apenas sobre pílulas e testes, é sobre criar um espaço amigável onde adolescentes e jovens se sintam seguros e empoderados.”
NILUKA PERERA COORDENADOR REGIONAL, YOUTH VOICES COUNT
“É impossível existir uma geração livre de AIDS enquanto a exclusão, a marginalização e a discriminação tiverem espaço para florescer e prosperar. Não podemos mais nos dar ao luxo de sermos complacentes — essas barreiras não serão vencidas das por conta própria ou com o passar do tempo. Pelo menos até que nos unamos ativamente para acabar com elas.”
DAMILOLA WALKER CONSULTORA SÊNIOR SOBRE ADOLESCENTES E HIV, UNICEF
“A AIDS está longe de acabar, mas pode acontecer se os jovens estiverem informados, livres e capazes de ter acesso a serviços que sejam seguros e adequados às suas necessidades específicas.”
MICHEL SIDIBÉ DIRETOR EXECUTIVO, UNAIDS