1º de dezembro de 2016
Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS
Secretário-Geral Adjunto das Nações Unidas
Hoje, ao comemorarmos o Dia Mundial contra a AIDS, expressamos nossa solidariedade aos 78 milhões de pessoas infectadas pelo HIV e nos lembramos dos 35 milhões que morreram de doenças relacionadas à AIDS desde que os primeiros casos de HIV foram relatados.
O mundo se comprometeu a acabar com a epidemia de AIDS até 2030 como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Vemos que os países estão entrando para a Via Rápida (Fast-Track) de Aceleração da Resposta – mais de 18 milhões de pessoas estão agora em tratamento para o HIV capaz de salvar vidas e muitos países estão no caminho para praticamente eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho.
Estamos ganhando nessa resposta à epidemia de AIDS, mas não estamos vendo progresso em todos os lugares. O número de novas infecções por HIV não está diminuindo entre os adultos, com mulheres jovens particularmente em risco de se infectar com HIV.
Sabemos que, para as meninas da África subsariana, a transição para a idade adulta é um período particularmente perigoso. As mulheres jovens enfrentam muitos desafios – em relação ao HIV, elas enfrentam uma tripla ameaça: um alto risco de infecção pelo vírus, baixas taxas de testagem e baixa aderência ao tratamento antirretroviral.
Coinfecções de pessoas vivendo com HIV, como tuberculose (TB), câncer cervical e hepatites B e C, ameaçam deixar o objetivo para 2020, de termos menos de 500.000 mortes relacionadas à AIDS, fora de nosso alcance. A tuberculose causou cerca de um terço das mortes relacionadas à AIDS em 2015, enquanto as mulheres que vivem com HIV têm um risco quatro a cinco vezes maior de desenvolver câncer cervical. Tirar a AIDS do isolamento continua a ser um imperativo para que o mundo alcance as metas traçadas para 2020.
Com o acesso ao tratamento, as pessoas soropositivas vivem mais tempo. O investimento no tratamento está dando resultado, mas as pessoas com mais de 50 anos que vivem com o HIV, incluindo as pessoas em tratamento, correm um maior risco de desenvolver doenças não transmissíveis associadas à idade, afetando a progressão do HIV.
Qualquer que seja a nossa situação individual, todos precisamos de acesso à informação e às ferramentas para nos proteger do HIV e para ter acesso aos medicamentos antirretrovirais em caso de necessidade. Uma abordagem do HIV de acordo com o nosso ciclo de vida e capaz de encontrar soluções para todas as pessoas em cada estágio da vida pode lidar com as complexidades do HIV.
Riscos e desafios mudam à medida que as pessoas passam pela vida, destacando a necessidade de adaptar as estratégias de prevenção e tratamento do HIV desde o nascimento até a velhice.
O sucesso alcançado até agora nos dá esperança para o futuro, mas à medida que olhamos para frente, devemos nos lembrar de não sermos complacentes.
A epidemia de AIDS não acabou, mas poderá acabar. Restam-nos desafios fundamentais políticos, financeiros e de implementação, mas não podemos parar agora. Este é o momento de avançarmos juntos para garantir que todas as crianças comecem a viver livres do HIV, que os jovens e adultos cresçam e se mantenham livres do HIV e que o tratamento se torne mais acessível para que todos fiquem livres da AIDS.