No dia 3 de dezembro, Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil, fez um discurso na Sessão Solene em celebração do Dia Mundial da AIDS, realizada no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, a convite da Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às IST/HIV/Aids e Hepatite e outras Virais do Congresso Nacional.
Em seu discurso, Claudia Velasquez destacou a importância fundamental de garantir que as pessoas mais vulneráveis tenham acesso aos serviços de prevenção e tratamento do HIV de forma acolhedora, com zero estigma e zero discriminação. Lembrou também que foi graças à ação e à pressão da sociedade civil e de ativistas em todo o mundo que grande parte dos avanços na resposta ao HIV foram obtidos.
O discurso completo está abaixo.
“Bom dia a todas, todos e todes.
40 anos atrás foram identificados oficialmente os primeiros casos de AIDS. No começo, a doença era vista como uma sentença de morte, vinculada a uma parcela específica da população.
Infelizmente, o estigma resultante desta combinação segue ainda presente e forte na percepção de muitas pessoas.
Isto acontece apesar dos avanços biomédicos, os quais permitem que, hoje, uma pessoa vivendo com HIV em tratamento e acompanhamento médico regulares, tenha uma vida saudável e produtiva. Com sua carga viral zerada, esta pessoa não transmite mais o vírus.
É importante ressaltar, entretanto, que a pandemia de AIDS ainda é uma emergência de saúde pública global.
Em 2020, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas pelo HIV em todo o mundo, elevando o número total de pessoas vivendo com HIV para 38 milhões. Nesse mesmo ano, 680 mil pessoas perderam suas vidas para doenças decorrentes da AIDS.
As desigualdades, a discriminação e o estigma são fatores cruciais para entendermos como, apesar de todos os avanços na prevenção e tratamento, milhares de pessoas se infectem pelo HIV ou morram em decorrência da AIDS todos os anos.
É importante dizer que desigualdade, longe de ser um conceito abstrato, tem cara, voz e história.
Está traduzida nas pessoas negras, nas que vivem em regiões periféricas, nas que têm uma identidade sexual considerada fora do padrão, nas que vivem em situação de rua ou encarceradas, nas mulheres e meninas, nos povos indígenas e originários e pessoas com deficiência.
Prover ferramentas de prevenção e tratamento do HIV é importantíssimo, mas igualmente fundamental é garantir que as pessoas mais vulneráveis tenham acesso a estes serviços de forma acolhedora, com zero estigma e zero discriminação.
Sabemos como acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública.
Sabemos quais são as desigualdades que obstruem o progresso nessa direção e sabemos como enfrentá-las.
Na semana em que se celebra o Dia Mundial da AIDS vamos lembrar, portanto, que é necessária uma ação corajosa e ousada das lideranças globais, nacionais e subnacionais na resposta ao HIV.
É preciso, também, reconhecer que foi graças à ação e à pressão da sociedade civil e de ativistas em todo o mundo que grande parte dos avanços na resposta ao HIV foram obtidos. Esta participação segue importante como nunca para garantir que as pessoas e comunidades em maior vulnerabilidade tenham vez e voz em tudo o que se refere à resposta ao HIV.
Está em nossas mãos, nas mãos da nossa geração, acabar com a AIDS até 2030.
Obrigada!”