O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) felicita as 30 organizações recém qualificadas na Chamada para Propostas para o Fortalecimento das Organizações Baseadas na Comunidade que trabalham na resposta ao HIV na América Latina e no Caribe no contexto da pandemia da COVID-19. Seus projetos foram selecionados entre 133 candidaturas que preenchiam todos os critérios mínimos para participar da seleção. No total, 198 solicitações foram recebidas entre julho e agosto de 2020.
Esta seleção é resultado de uma nova fase de financiamento, após resultados das primeiras 31 organizações que foram financiadas em 2020 por meio de um processo aberto e competitivo organizado pelo UNAIDS.
Os 30 novos projetos foram anunciados após um processo de revisão por um comitê conjunto do escritório regional do UNAIDS para América Latina e o Caribe e suas agências Cosponsoring: o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentação (PMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).
Cada um desses projetos será implementado em um país diferente da região: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela.
“Em quase 40 anos de experiência na resposta ao HIV, aprendemos que a sociedade civil e as iniciativas lideradas pela comunidade são essenciais para alcançar as pessoas mais vulneráveis à epidemia. E tenho o prazer de dizer que acertamos quando decidimos investir nestas organizações durante a pandemia de COVID-19 porque elas apresentaram resultados e mostraram que são cruciais para a resposta às pandemias”, disse Alejandra Corao, Diretora Regional do UNAIDS a.i. para a América Latina e o Caribe. “Gostaria de parabenizar as primeiras 31 organizações selecionadas em 2020 e espero que as 30 novas também sejam igualmente bem-sucedidas em alcançar as pessoas mais vulneráveis nestes tempos desafiadores para a região”.
Estes projetos têm como objetivo responder aos desafios dos países para enfrentar duas epidemias de HIV e COVID-19 que são se encontram e afetam profundamente as pessoas mais vulneráveis. Isto foi evidenciado nas diferentes pesquisas online realizadas desde o início da pandemia COVID-19, que mostraram as várias vulnerabilidades das pessoas vivendo com ou afetadas pelo HIV, não apenas em termos de prevenção da COVID-19, mas também na prevenção do HIV e no exercício dos direitos humanos.
As 31 organizações financiadas na fase inicial da Chamada impactaram um total de 713 mil pessoas. Um total de 274 resultados foram alcançados, divididos entre fortalecimento dos serviços de saúde, cursos de formação e conscientização, ações de comunicação, proteção contra a COVID-19, estudos, planos e acordos para novas parcerias e advocacy. Estes projetos também foram apoiados financeiramente pelo WFP, PNUD, UNFPA e UNICEF.
Em termos de populações-chave, 35% dos fundos utilizados foram destinados homens gays e homens que fazem sexo com homens, 18% para mulheres, 9% para população indígena, afrodescendentes e trabalhadoras do sexo. As pessoas trans foram responsáveis pelo recebimento de 5% dos fundos catalíticos, assim como as pessoas em mobilidade, que também foram responsáveis por 5% dos fundos alocados.
As organizações e comunidades da sociedade civil financiadas pelo projeto tinham um amplo conhecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Assim, 38% dos resultados alcançados focaram no Objetivo 3: Saúde e Bem-estar, e 20% deles trataram especificamente da meta 3.3 (Acabar com a AIDS).
Além disso, pelo menos 23% do financiamento foi destinado às mulheres em toda a sua diversidade.
“Com estas ações estamos dando vida às pessoas esquecidas; todos os elementos que lhes demos representam vida e cuidado”, diz Georgina Gutiérrez, do Movimento Mexicano pela Cidadania Positiva, sobre o projeto que já implementou. “Agradeço ao UNAIDS por financiar nosso projeto focado em populações privadas de liberdade no México; com ele apoiamos uma população que está carente em todos os âmbitos”.
“Graças ao financiamento concedido pelo UNAIDS, nosso projeto Hablemos Positivo (Falemos Positivo, na tradução livre para o português) entregou 450 kits de saúde sexual e reprodutiva, organizou palestras sobre promoção da saúde, prevenção do HIV, ISTs e COVID- 19; e promoveu uma campanha de conscientização de comunicação sobre redes sociais focadas em promover os direitos humanos de pessoas LGBTIQ+ em situação de mobilidade humana, assim como pessoas vivendo com HIV”, diz Danilo Manzano do Diálogo Diverso no Equador.
“Mudamos nossa maneira de pensar, nossa atitude em relação às pessoas vivendo com HIV, graças ao financiamento do UNAIDS. Na selva não se fala em HIV, e a cada dia há mais pessoas com o vírus”, diz Aurora Coronado da Federação Nacional de Mulheres Camponesas, Artesãs, Indígenas, Nativas e Salariadas do Peru (FENMUCARINAP). “E o conhecimento também é transmitido. Agora falamos com o coração a jovens com HIV e muitos estão agora cuidando de si e tomando antiretrovirais.
Entre as linhas estratégicas da Chamada, a linha sobre a continuidade da resposta ao HIV, prevenção e atendimento teve uma forte mobilização de ações e recursos – 45 resultados que procuraram contribuir para esse fim – enquanto a linha sobre ações comunitárias para garantir os Direitos Humanos das pessoas vivendo com HIV, combater o estigma, a discriminação e a violência contra pessoas vivendo com HIV mobilizou 77 resultados.
A nova Estratégia Global para AIDS 2021 – 2026 afirma que “os serviços baseados na comunidade alcançam uma escala substancial na prestação de serviços, ao mesmo tempo em que sustentam o atendimento em clínicas e ampliam o alcance dos serviços formais de saúde. Um destaque da força da sociedade civil reside em sua diversidade, muitas vezes representando e servindo diferentes comunidades marginalizadas. É importante assegurar que a defesa da sociedade civil esteja capacitada a mobilizar apoio político para impulsionar a ambição, o financiamento e a equidade na resposta.”
Neste sentido, Marcela Alsina, que implementou um projeto regional junto com a Associação para uma Vida Melhor em Honduras (APUVIMEH) e o Movimento Latino-Americano de Mulheres Positivas (MLCM+), destaca que, graças ao apoio do UNAIDS, foi possível realizar uma campanha em cinco países da região que reuniu dados importantes para definir suas linhas estratégicas de ação.
“Soubemos que 35% das mulheres que responderam à pesquisa sofreram algum tipo de violência baseada em gênero ou violência institucional durante o tempo da COVID-19; que as restrições de acesso à vacina são evidentes em cada país; e que o acesso à informação continua a ser fraco, por exemplo”, diz Marcela. “Esta proposta foi uma oportunidade de influenciar as diferentes instituições que compõem nossas sociedades e instalar a questão para que elas sejam capazes de detectar, observar, defender e dar respostas adequadas a situações de estigma, violência e discriminação a partir de uma abordagem interseccional e da perspectiva dos Direitos Humanos e do gênero”.
“É importante que o UNAIDS apóie o trabalho das organizações comunitárias que atendem às necessidades das populações-chave, que muitas vezes não são atendidas pelo Estado. Este financiamento do UNAIDS nos ajudará a continuar o trabalho que ACCIONGAY vem realizando há 34 anos”, diz Richard Villarroel, Diretor de Gestão Comunitária da Acción Gay Chile.
“Da ICW Uruguai, somos muito gratos por esta grande oportunidade. Este projeto surge em um momento em que a devastação econômica da COVID-19 sobre a população de mulheres vivendo com HIV tornou a vulnerabilidade ainda mais aguda. Apoiar mulheres vivendo com HIV é parte de nossa visão e missão, e este projeto contribui para nossos objetivos”, dizem Maureen Brenson, Secretaria da ICW Uruguai, e Anahi Chittara, Presidente da ICW Uruguai.
“Para Lila Mujer é importante que o UNAIDS apóie e acompanhe a organização de base porque fortalecerá as capacidades e o aprendizado em relação ao atendimento das necessidades da população vivendo com HIV, tanto das populações-chave quanto da conscientização entre a população em geral do Leste de Cali, da área metropolitana e até mesmo da defesa de direitos a nível do sudoeste da Colômbia”, diz Yaneth Valencia, líder de Lila Mujer.
Conheça as 30 novas organizações que já começaram a implementar seus projetos.