A maioria das infecções por HIV na capital da Bielorrússia acontece pelo uso de drogas injetáveis. Como resultado, o governo e uma organização não governamental em Minsk, responderam com clínicas móveis de testagem de HIV, centros de acolhimento e aconselhamento entre pares para estabelecer confiança com pessoas que muitas vezes se afastam dos serviços de saúde oficiais.
No ano passado, mais de 10 000 pessoas visitaram as três clínicas móveis situadas na cidade de Minsk, que oferecem testes de HIV, serviços de cuidado e de apoio. Das 4000 pessoas testadas que usaram drogas injetáveis, mais de 500 deram resultados positivos para HIV.
O “boca-a-boca” permite que as pessoas saibam que onde as clínicas móveis estão estacionadas. O Movimento Positivo, a organização não-governamental sediada em Minsk que opera as clínicas, também lista suas localizações em seu site. Nas clínicas, do tamanho de uma van, você pode fazer o teste de HIV, conversar com um médico ou simplesmente beber chá e conversar com conselheiros entre pares.
Os membros do Movimento Positivo têm conhecimento em primeira mão das questões que afetam os seus pacientes. Dos 200 funcionários que trabalham na clínica, mais de três quartos já foram afetados pelo consumo de drogas e/ou HIV.
“No início, os funcionários eram pacientes, agora são membros do conselho”, diz Irina Statkevich, chefe do conselho do Movimento Positivo. “Acreditamos que a redução de danos funciona e que podemos derrotar a infecção pelo HIV”, diz ela. “Se decidirmos que este serviço é necessário para o nosso público, faremos de tudo para conseguir!
Há oito anos, quando começou a trabalhar na organização, ela explica que era impossível pronunciar as palavras agulha e programa de troca de seringas. “Tivemos que fazer coisas incógnitas.”
Agora eles têm centros de acolhimento abertos durante todo o dia que não só fornecem agulhas e seringas novas, mas também alimentos, testes de HIV e um lugar para se lavar, bem como aconselhamento jurídico e médico. A consultora entre pares Julia Stoke compara os centros a refúgios seguros.
“Esta é uma ilha de segurança”, diz ela. “Uma pessoa que usa drogas precisa primeiro de segurança, depois de confiança e depois de uma série de serviços.
Vyacheslav Samarin concorda. Como assistente social em um dos centros de acolhimento, ele explica que as pessoas que usam drogas muitas vezes enfrentam situações difíceis, como perda de moradia, falta de documentos, saúde precária e, às vezes, não possuem nada para comer ou onde dormir. “Em muitos casos, um problema leva a outro”, diz o Sr. Samarin.
“Muitos estão em negação quanto à sua saúde”, continua ele. Muitos temem o estigma e têm prioridades diferentes. Ele lembra que é fundamental apoiar as pessoas e não deixá-las se sentirem derrotadas e abandonadas.
“No início, as pessoas não querem acreditar no seu diagnóstico, por isso temos o cuidado de falar com elas sobre como começar o tratamento”, diz o assistente social.
Ao longo dos anos, ele tem notado mudanças. “Hoje há mais métodos de tratamento e as pessoas vivendo com HIV são muito mais ouvidas”. Ele diz que as relações entre pacientes e médicos melhoraram muito.
Além disso, o governo da Bielorrússia tem apoiado muito mais o trabalho.
Tatiana Migal, do Ministério da Saúde, confirma isso. “Ao trabalhar na prevenção do HIV entre pessoas que usam drogas e apoiando pessoas que vivem com HIV por nove anos, o Movimento Positivo não só ganhou experiência considerável neste campo, mas também contribuiu significativamente para reduzir a infecção pelo HIV entre as pessoas que usam drogas injetáveis.”
Migal enfatiza a importância do aconselhamento entre pares, dos centros de apoio social e dos programas de troca de seringas, bem como da terapia de substituição com metadona.
“De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde e do UNAIDS, os programas de redução de danos ajudarão a superar a epidemia de HIV na Bielorrússia”, reforça Migal.