O financiamento dos governos doadores para apoiar os esforços contra o HIV em países de baixa e média renda totalizaram US$ 8 bilhões em 2018. Uma pequena mudança em relação ao total de US$ 8,1 bilhões em 2017, e em relação aos níveis de uma década atrás, de acordo com um novo relatório da Kaiser Family Foundation (Fundação da Família Kaiser, em português) e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Metade dos 14 doadores analisados no estudo aumentaram seus gastos em esforços globais contra o HIV de 2017 a 2018, cinco diminuíram seus gastos; e dois se mantiveram estáveis. O financiamento dos governos doadores apoia o atendimento e tratamento do HIV, prevenção e outros serviços em países de baixa e média renda.
Os Estados Unidos continuam sendo, de longe, o maior doador mundial para o HIV, financiando US$ 5,8 bilhões no ano passado, e também ocupa o primeiro lugar em financiamento em relação ao tamanho da economia de cada doador. Os seguintes maiores doadores são o Reino Unido (US$ 605 milhões), a França (US$ 302 milhões), a Holanda (US$ 232 milhões) e a Alemanha (US$ 162 milhões).
Desde 2010, os governos doadores, com exceção dos EUA, reduziram significativamente seu financiamento para o HIV, que caiu mais de US$ 1 bilhão após a crise financeira global, e com as demandas competitivas de ajuda a crise global de refugiados e outros desafios humanitários. A maior parte do declínio foi por meio de apoio bilateral.
Esses doadores aumentaram seu apoio ao Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária durante esse período, mas não foi o suficiente para compensar uma grande queda no apoio bilateral. Ao considerar como o Fundo Global divide seus recursos entre as três doenças, e a redução do financiamento para o UNITAID, o apoio multilateral ao HIV também caiu desde 2010.
Os dados sobre o financiamento dos governos doadores para o HIV alimentam o relatório mais amplo do UNAIDS, Communities at the Centre (Comunidades no centro, na tradução livre para o português), que examina todas as fontes de financiamento para apoiar os esforços contra o HIV, incluindo governos locais, organizações não-governamentais e o setor privado, e compara os dados com as necessidades. De acordo com estimativas do relatório, houve uma queda de US$ 1 bilhão em todas as fontes de financiamento entre 2017 e 2018, deixando uma lacuna de US$ 7 bilhões entre recursos e as necessidades até 2020, após o ajuste para a inflação.
“As contribuições de doadores são vitais para a resposta à AIDS, especialmente nos países da África Oriental e Meridional, exceto na África do Sul, onde a maioria dos países depende de doadores para 80% de suas respostas”, disse Gunilla Carlsson, diretora executiva interina do UNAIDS. “É desconcertante que, em 2018, o total de recursos disponíveis para o HIV tenha diminuído em US$ 1 bilhão. Eu apelo a todos os países—domésticos e doadores para que aumentem urgentemente seus investimentos e fechem a lacuna de financiamento de US$ 7 bilhões para a resposta à AIDS.”
“Desde a crise financeira global, há uma década, o apoio dos governos doadores diminuiu e o financiamento de outros doadores, com exceção dos Estados Unidos, que se mantiveram estáveis, caiu”, disse a vice-presidente sênior da KFF, Jen Kates. “A menos que esse cálculo mude, os esforços para prevenir e tratar o HIV em todo o mundo precisarão depender cada vez mais de outras fontes de financiamento.”
O novo relatório, produzido como uma parceria de longa data entre a KFF e o UNAIDS, fornece os dados mais recentes disponíveis sobre o financiamento dos governos doadores com base em informações fornecidas pelos governos. Inclui a assistência bilateral aos países de renda baixa e média e as contribuições ao Fundo Global, bem como à UNITAID. “Financiamento do governo doador” refere-se a desembolsos ou pagamentos feitos por doadores.