A África do Sul está fazendo grande progresso na expansão dos testes de HIV e no aumento da supressão viral em pacientes que recebem terapia antirretroviral (TARV), mas ainda não atingiu as suas metas de cobertura do tratamento e prevenção do HIV, de acordo com uma atualização da metodologia Thembisa, lançada na 9ª Conferência da África do Sul sobre AIDS, em Junho.
Os resultados da metodologia Thembisa, atualizada anualmente (versão 4.2), foram divulgados por pesquisadores do Centro de Epidemiologia e Pesquisa de Doenças Infecciosas da Universidade da Cidade do Cabo. O trabalho sobre as estimativas do HIV de Tembisa é financiado pelo UNAIDS através de uma bolsa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), e utilizou dados de múltiplas fontes, incluindo pesquisas recentes do Conselho de Investigação em Ciências Humanas e do Conselho de Investigação Médica da África do Sul.
A África do Sul está empenhada em atingir as metas 90-90-90 do UNAIDS, de Aceleração da Resposta ao HIV até 2020. O objetivo desta estratégia é assegurar que 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% destas pessoas tenham carga viral indetectável. As últimas estimativas da Thembisa indicam que a África do Sul atingiu 90-68-88 em meados de 2018. Isto significa que a supressão total da carga viral entre todas as pessoas vivendo com HIV foi de 55%, o que é 18 pontos percentuais abaixo da meta de 73%.
A metodologia Thembisa também estima que os homens tiveram uma menor adesão à testagem e tratamento do HIV em comparação com as mulheres. Como resultado, em 2018, 47% dos homens vivendo com HIV tiveram a carga viral suprimida em comparação com 58% das mulheres que vivem com HIV. Isso também se refletiu nas mortes anuais relacionadas à AIDS, que caíram pela metade entre 2010 e 2018, mas com os homens cada vez mais representados.
As mulheres contabilizaram 62% das novas infecções por HIV em adultos de 2017 a 2018. O principal desenvolvedor da metodologia Thembisa, Leigh Johnson, disse que dois fatores dificultaram o progresso na redução da incidência do HIV: baixa cobertura da TARV, a necessidade de melhorar a ligação e a manutenção dos pacientes aos cuidados de saúde, e evidências da redução do uso de preservativos. Ele observou que meninas adolescentes e mulheres jovens (15—24 anos) representam 31% dos novos casos de HIV por transmissão sexual, e isso requer atenção especial.
Os resultados de Thembisa destacaram a preocupação com o lento progresso na redução da incidência do HIV. O modelo estima que no último ano houve mais de 240 000 novas infecções por HIV na África do Sul, o que representou uma redução de menos de 40% em relação a 2010. A meta do UNAIDS é reduzir as novas infecções anuais em 75% entre 2010 e 2020. Para conseguir, a África do Sul terá de reduzir as novas infecções para menos de 100 000 até meados de 2020, o que representa um desafio significativo.