De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de um terço das mulheres em todo o mundo já sofreram violência. Em algumas regiões, mulheres que sofreram violência física ou sexual por um parceiro íntimo têm 1,5 vez mais probabilidade de contrair o HIV do que as mulheres que não sofreram essa violência. Entre as populações marginalizadas, como profissionais do sexo ou mulheres transexuais, uma alta prevalência de violência está ligada a taxas mais altas de infecção pelo HIV.
Na região do Oriente Médio e Norte da África (MENA, da sigla em inglês para Middle East and North Africa), o UNAIDS estima que cerca de 220 mil pessoas estejam vivendo com o HIV. Novas infecções aumentaram 12% entre 2010 e 2017 e as mortes relacionadas à AIDS aumentaram 11% no mesmo período. O estigma e a discriminação associados ao HIV, assim como os altos níveis de violência baseada em gênero, estão impedindo que vários países façam progressos contra a epidemia. A violência baseada em gênero na região está fortemente associada a normas e estereótipos prejudiciais de gênero.
Em 2018, o projeto LEARN MENA (Aprenda Mena) foi lançado para proporcionar às mulheres uma plataforma para compartilhar experiências e explorar as ligações entre a violência baseada no gênero e o HIV na região. Uma das ações que fazem parte do projeto é o quadro de Iniciativas de Vinculação de Ações contra a Violência contra a Mulher e o HIV em Todos os Lugares, localmente conhecido pela sigla “ALIV (H) E”, palavra que, em inglês, significa “estar viva”. É um projeto de pesquisa que coleta evidências sobre o que funciona para prevenir a violência e conscientizar as mulheres para entender e abordar as relações entre violência contra a mulher e HIV.
Através dos diálogos comunitários conduzidos pela MENA-Rosa, uma rede regional de mulheres vivendo com HIV ou afetadas pelo vírus, as mulheres estão fortalecendo sua própria compreensão das causas profundas da violência e das ligações com o HIV. Os diálogos enfatizam o fato de que a desigualdade de gênero está no centro da violência contra as mulheres e um aumento do risco de infecção pelo HIV.
Por exemplo, através dos diálogos, foi revelado que algumas mulheres nunca foram à escola. Muitas passado pela experiência do casamento precoce ou forçado. Muitas mulheres adquirem o HIV de violência sexual, inclusive dentro de seu próprio casamento.
“A violência está em todo lugar. Com o tempo, e à medida que você envelhece, você consegue enxergar isso como normal”, disse uma mulher argelina participando de um dos diálogos.
As participantes descreveram múltiplas formas de violência em diferentes contextos, inclusive em contextos de cuidados de saúde, que impedem o acesso a cuidados de saúde, incluindo serviços de prevenção e tratamento do HIV.
Até agora, o projeto foi implementado em sete países—Argélia, Egito, Jordânia, Líbano, Marrocos, Sudão e Tunísia.
Os resultados do projeto estão ajudando as mulheres que vivem com e afetadas pelo HIV a defender uma melhor resposta à epidemia na região e medidas para reduzir o impacto da violência contra as mulheres. Os diálogos amplificaram as vozes de mulheres marginalizadas vivendo com e afetadas pelo HIV, encorajando tomadores de decisão e parceiros a construir respostas comunitárias fortalecidas. O UNAIDS está apoiando os países na implementação das recomendações e planos de ação desenvolvidos a partir do projeto.
“Os líderes da MENA-Rosa aprenderam através desse processo doloroso que a violência contra nós deveria ser denunciada e não varrida para debaixo do tapete”, disse Rita Wahab, Coordenadora Regional do MENA-Rosa. “O empoderamento ajudará as mulheres em toda sua diversidade a conhecer e entender seus direitos. Nossos defensores vão avançar para expor as ligações entre a violência contra as mulheres e o HIV. A igualdade de gênero começa em casa, cresce na sociedade e floresce no ambiente legal.”
LEARN MENA é implementado pelo UNAIDS, Frontline AIDS e MENA-Rosa, com apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Suporte técnico adicional é fornecido pelo Salamander Trust, o principal autor do framework ALIV (H) E.