O câncer de colo do útero pode ser evitado com a vacina contra o papilomavírus humano. E, caso seja detectado e tratado precocemente, pode ser curado. Então, por que tantas mulheres ainda estão desenvolvendo e morrendo por consequência do câncer de colo do útero?
Em 2018, foram estimados 570.000 novos casos de câncer de colo do útero e 311.000 mortes decorrentes deste tipo de câncer em todo o mundo. Assim como o HIV, o câncer de colo do útero é uma doença alimentada por desigualdades sociais, econômicas e políticas. Os países de baixa renda são os que mais sofrem, com quase 80% de todos os casos e 90% das mortes.
Se a prevenção, triagem e tratamento do câncer de colo do útero não forem urgentemente ampliados, especialistas estimam que até 2040 pode haver um aumento de 50% nas mortes em relação aos níveis de 2018.
O HIV e o câncer de colo do útero estão fortemente entrelaçados. O câncer cervical é o câncer mais comum entre as mulheres que vivem com HIV, que são até cinco vezes mais propensas a desenvolver este tipo de câncer do que outras mulheres. Na África Subsaariana, o câncer de colo do útero é a principal causa de câncer nas mulheres.
Apesar do risco aumentado, muitas mulheres que vivem com HIV não têm acesso a exames regulares ou tratamento para o câncer de colo do útero. Um estudo de 2016 no Malawi mostrou que apenas 19% das mulheres com idade entre 30 e 49 anos que vivem com HIV já foram examinadas para câncer de colo do útero. Entre as mulheres mais pobres, apenas 2% já foram examinadas para a doença.
“É inaceitável que mulheres em todo o mundo estejam morrendo por conta do câncer de colo do útero porque não têm acesso a vacinas capazes de salvar vidas, exames e tratamento”, disse Ani Shakarishvili, Consultora Especial do UNAIDS. “Salvamos a vida de uma mulher garantindo que ela tenha acesso à terapia antirretroviral para o HIV, mas ela morre devido ao câncer de colo do útero. Os serviços devem estar integrados e disponíveis a todos, sem exceção.”
A vinculação entre o exame do câncer de colo do útero e os serviços de HIV é rentável e salva vidas. O UNAIDS está trabalhando com o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS e com o Instituto George W. Bush para incorporar os exames e cuidados do câncer de colo do útero em clínicas onde as mulheres já têm acesso aos serviços de HIV em oito países da África Subsaariana. A parceria visa reduzir a incidência de câncer de colo do útero em 95%.
A Organização Mundial da Saúde anunciou recentemente que acelerará os esforços globais para eliminar o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública global e continuará assumindo um papel de liderança, inclusive desenvolvendo uma estratégia global para eliminar este tipo de câncer, uma medida bem recebida pelo UNAIDS.
“Como na resposta global à AIDS, devemos abordar a prevenção e o tratamento do câncer como uma oportunidade para liderar uma ampla coalizão exigindo a saúde como um direito humano fundamental e universal”, acrescentou Shakarishvili.
Em 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, o UNAIDS está reafirmando seu apoio à chamada global de ação para eliminar o câncer de colo do útero e abordar as desigualdades, aumentando a conscientização e o acesso à prevenção, exames e tratamento de meninas e mulheres em risco, incluindo meninas e mulheres vivendo com HIV.